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Setor de motos amarga queda

Com crédito reduzido, revendas chegam a registrar até 50% a menos no faturamento

Vagner Aquino
15/08/2012 | 07:00
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O mês de julho não foi dos melhores para o lado das magrelas. Na comparação com o mesmo período de 2011, a queda nas vendas de motos foi de 46,2% - respectivamente, 86.757 unidades contra 161.292 emplacamentos, é o que apontam os dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).

Tido como o pior mês desde dezembro de 2008 (período pós-crise mundial), o resultado negativo aponta como principal culpada a restrição de crédito ao consumidor. Vale ressaltar que, em relação a junho, a retração foi de 37,5%.

Como não poderia deixar de ser, tais números se refletem nas concessionárias. De acordo com o gerente comercial da Japauto Honda, em Santo André, Cleber Fabiano Cardoso Menezes, o faturamento da concessionária caiu, em média, 20% no último mês. "Vendíamos aproximadamente 170 motos por mês, agora, não ultrapassamos as 140 unidades."

Segundo ele, pelo menos por enquanto os funcionários podem ficar tranquilos, mas, caso os números continuem em queda, as demissões serão inevitáveis.

A revenda Andreense Motos, também em Santo André, teve faturamento reduzido em torno de 50% do ano passado para cá. "Só os cadastros de clientes (que somavam 375 em 2011) caíram para 285 no fim do último mês. Destes, apenas 98 foram efetivados, ou seja, apenas 34,3% de aproveitamento", relata Ricardo Lemos, gerente de vendas da rede de concessionárias.

De acordo com Lemos, ainda não há demissões por conta da queda nas vendas, mas a redução nos salários (resultado de menores comissões) tem forçado os próprios funcionários a pedir as contas. Hoje, a revenda tem um quadro de vendedores 40% menor que no último ano.

 

ACUMULADO

No acumulado de janeiro a julho, há mais quedas em relação a 2011. Foram vendidas 984.009 unidades, ante 1.194.735 unidades no mesmo período do ano passado - 17,6% a menos. A moto mais vendida do Brasil, a Honda CG 150 Fan Flex, registrou 167.798 emplacamentos no período, na sequência, vem a irmã CG 125 Fan (159.816).

 

FINANCIAMENTOS

A liberação para financiamentos é a outra vilã dessa história. Para reverter o quadro, a Abraciclo já se reuniu com instituições financeiras para obter - junto às associadas - maior qualidade nos processos de financiamento para os motociclistas.

"Somente 15% das propostas de financiamento são aprovadas pelos bancos, nosso objetivo é elevar esse patamar para até 40% e, com isso, avançarmos na recuperação dos negócios", diz Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo.

 

PRODUÇÃO

E a nuvem negra que estacionou sobre as vendas também comprometeu os alicerces das fábricas. Em julho, foram produzidas 75.837 unidades - 52,7% menos que as 160.221 unidades que saíram das linhas de produção no mesmo mês de 2011 - este é o número mais baixo desde janeiro de 2009. Quando comparada a junho, a queda foi de 46,2% (140.920).

Fermanian aponta que um dos motivos da queda acentuada na produção é a extensão do período de férias, o que reduz o ritmo de produção diária.

 

Bons números e apelo verde

 

Ao contrário das motos, as bicicletas (fábricas no Polo Industrial de Manaus) tiveram aumento de 22% no primeiro semestre de 2012 em comparação com os seis primeiros meses do ano passado.

Foram produzidas 421.285 bicicletas no período, ante 345.219 unidades em 2011. Os números são da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).

Em contrapartida, as vendas de bicicletas no atacado tiveram queda de 2% no presente ano, 367.534 unidades, ante as 373.145 unidades do ano anterior.

 

PROPOSTA SUSTENTÁVEL

Entre as bicicletas convencionais e as motocicletas, estão as bicicletas elétricas, cuja grande sacada é se tratar de um passo rumo à sustentabilidade. Como exemplo, a CRZ E-Power - detentora da marca Velle (Veículos Elétricos Leves) - tem cinco novos modelos no portfólio, que começaram a ser fabricados no primeiro semestre de 2012 na unidade fabril de Manaus (AM).

Para todos os gostos (e bolsos), os modelos têm autonomia média de 40 quilômetros. O motor é acionado através das pedaladas do ciclista. À direita, modelo 3000 tem bateria de ion de lítio (que precisa de seis horas de recarga) e velocidade máxima de 25 km/h. O preço? Em torno de R$ 3.590.




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