Setecidades Titulo Rodovias da região
Ninguém é multado por
baixa velocidade há 3 anos

Código de Trânsito proíbe tráfego abaixo da
metade do limite máximo estabelecido para via

Por Fabio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
20/01/2014 | 07:30
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Orlando Filho/DGABC


Nos últimos três anos, ninguém foi multado por dirigir em baixa velocidade nas principais rodovias do Grande ABC. O artigo 219 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) classifica como infração média trafegar abaixo da metade do limite estabelecido para cada via, obstruindo o fluxo. Ou seja, se o máximo permitido é 100 km/h, deve-se viajar a pelo menos 50 km/h. Não são aplicadas autuações em caso de congestionamentos, condições meteorológicas ruins ou se o veículo lento estiver na faixa da direita. Os dados foram fornecidos pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e englobam as rodovias Anchieta, Imigrantes e o Trecho Sul do Rodoanel.

A fiscalização contra o desrespeito ao artigo 219 do CTB deve ser feita manualmente pela PM (Polícia Militar) Rodoviária. Os radares podem flagrar esse tipo de irregularidade, mas os equipamentos não são configurados para essa finalidade, pois poderiam gerar autuações para motoristas parados em engarrafamentos.

Especialistas ouvidos pelo Diário advertem que a presença de veículos lentos em rodovias, fora da faixa da direita, provoca risco de acidentes. “O problema maior é a diferença de velocidade. Quando há automóveis trafegando em alta e baixa velocidades o mesmo espaço, maior é a chance de uma colisão traseira”, comenta o engenheiro civil Creso Peixoto, especialista em Transportes e professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana). Em trechos urbanos, ele defende melhor separação do tráfego, entre os que fazem viagem longa e quem utiliza a rodovia como “avenida”, para trechos curtos. Para ele, o fato de não ter havido autuações em três anos deve acender “luz amarela” no poder fiscalizador, “mas sem perder o foco nas principais infrações, como excesso de velocidade e embriaguez ao volante”. A PM Rodoviária foi procurada, mas não se manifestou.

O engenheiro de tráfego Horácio Figueira defende que os carros tenham painel na traseira que exponha a público a velocidade em tempo real. “Muitas vezes, o motorista de trás não percebe que o da frente reduziu a aceleração. Com esse mecanismo, é possível identificar a necessidade da frenagem sem que haja risco”, explica.

Em ruas e avenidas do Grande ABC, apenas a Prefeitura de São Bernardo aplicou multas para quem circulou abaixo da metade da velocidade regulamentada nos últimos três anos. Foram feitas duas autuações, uma contra um Scort 2001 e outra contra um Voyage 1991. As infrações foram registradas nas avenidas Dom Jaime de Barros Câmara e Robert Kennedy. Nas demais cidades, nenhuma multa foi registrada nos últimos três anos.

Na serra, caminhões desrespeitam lei

No trecho de serra do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), os caminhões são os principais responsáveis pelo desrespeito ao artigo 219 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro). Segundo o coordenador de planejamento da concessionária Ecovias, Ronald Marangon, a principal preocupação da empresa é com os veículos pesados que utilizam as faixas do meio e da esquerda da Rodovia dos Imigrantes para subir em direção à Capital e ao Grande ABC.

“Os caminhões são mais lentos, principalmente se estiverem carregados. Quando eles vão para a faixa da esquerda, a diferença de velocidade em relação aos automóveis provoca risco de colisões”, explica Marangon. Na Anchieta, as ultrapassagens malfeitas causam congestionamentos, pois os caminhões não conseguem retornar para a direita e geram filas na subida da serra.

Para evitar o tráfego dos veículos de carga na esquerda, dois radares já foram instalados para flagrar esse tipo de irregularidade na pista Norte da Imigrantes. Outro equipamento deve ser instalado ainda neste ano. Portaria assinada em outubro proibe que caminhões acessem a faixa da esquerda na pista Sul da Anchieta, mesmo que para ultrapassagem, entre 18h e 20h. Cinco radares flagram o desrespeito.

No planalto, os principais problemas são causados por motoristas que trafegam no trecho urbano sem prática de direção em rodovia. 




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