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Peça que
anda de ônibus

Trupe formada na Fundação das Artes, de São
Caetano, transforma coletivo em espaço cênico

Caroline Garcia
Do Diário do Grande ABC
13/01/2014 | 08:01
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Divulgação


Sem precisar dar o sinal, sem parar em pontos e sem lotação. Para entrar nesse ônibus é preciso retirar o ingresso com uma hora de antecedência, mas o passageiro não irá para casa ou para o trabalho. Pelo contrário, dará uma volta por São Paulo e retornará para o mesmo lugar. Só que nesse intervalo, poderá assistir uma peça de teatro ou uma sessão de cinema.

A intervenção artística, que estará toda terça-feira no Terminal Parque Dom Pedro II, na Capital, faz parte do projeto Toda Terça Tem Trabalho, Tem Também Teatro, da Trupe Sinhá Zózima, formada na Fundação das Artes, em São Caetano.

O grupo pesquisa o ônibus urbano como espaço artístico há sete anos, e a ideia de usar o meio de transporte como um palco surgiu da própria necessidade da utilização do coletivo pelos integrantes e a vontade de democratizar e descentralizar o acesso às artes.

“Como moro no extremo da Zona Leste e estudava em São Caetano, sempre viajei para fazer teatro. Passava cinco horas por dia dentro do ônibus para ir e voltar. Então, foi algo que já vinha sendo construído ao longo da minha vida, e no momento da ideia, estávamos também experimentando outros espaços artísticos na Fundação”, diz Anderson Maurício, diretor artístico e um dos fundadores da trupe.

Antes de colocar a ideia em prática, o grupo realizou uma pesquisa de campo e descobriu que 75% das 200 mil pessoas que utilizavam diariamente o terminal não haviam tido contato com nenhuma expressão artística no último ano.

“Nosso projeto busca formar público e fazer essa aproximação com a arte. Mostrar para quem nunca foi ao teatro que assistir uma peça é uma possibilidade e não uma utopia”, conta o diretor.

Em janeiro, enquanto o ônibus percorre algumas ruas de São Paulo, dentro de um roteiro previamente estipulado, será apresentado o espetáculo Cordel do Amor sem Fim, que narra a história de uma família caipira que anda pelas margens do rio São Francisco.

Pelo espaço físico limitado do coletivo, somente 28 pessoas por vez podem acompanhar a apresentação, que ocorre toda terça-feira, às 20h. “Na realidade, são 28, mas habita-se poeticamente o imaginário de transformação de 200 mil pessoas. Elas veem o banner da nossa ação e sabem que a vivência no mundo das artes é possível”, afirma.

O projeto conta com o apoio da cessão de espaço da SPTrans e a verba é arrecadada por meio de parcerias.
 




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