Economia Titulo Balanço
Comércio de veículos sofre
primeira baixa em 10 anos

Depois de crescerem 10% ao ano, em média, as
vendas registraram recuo de 1,6% em 2013

Por Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
04/01/2014 | 07:20
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Ari Paleta/DGABC


O ano de 2013 trouxe um paradoxo: embora tenha sido de produção recorde de veículos, foi também o primeiro ano, em uma década, em que o número de emplacamentos registrou recuo. Embora discreta, a queda de 0,91% nas vendas de veículos em geral (para 3,76 milhões) e de 1,6% de automóveis e comerciais leves – como caminhonetes e furgões – (3,57 milhões), tem significado importante para o mercado.

“Foram dez anos em que as vendas cresceram, em média, 10% ano. No longo prazo isso não é sustentável. Por isso, 2013 sinalizou mudança de ritmo na comercialização de veículos”, afirmou Alarico Assumpção Júnior, presidente executivo da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). “Essa mudança não chega a ser preocupante porque ela ocorre em cima de uma base de vendas muito alta.”

A queda no comércio de veículos ocorre mesmo com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que continuou no ano passado – a 2% para carros 1.0, por exemplo. As razões para isso, segundo a Fenabrave, são macroeconômicas. “Endividamento alto, maiores restrições na concessão de crédito e aumento das taxas de juros são as principais causas desta pequena retração, que é quase uma estabilização”, explicou Assumpção Júnior.

Para a economista Tereza Fernandes, consultora da Fenabrave, além desses fatores há uma questão subjetiva. “A população está empregada, mas o nível de confiança está baixo”, observa. “Além disso, o brasileiro consumiu muito nos últimos anos. Todo mundo comprou bens duráveis, não só carros, mas também geladeiras, fogões, televisores, móveis e tudo ainda está novo. Esse consumidor agora está decidido a dar um tempo até reduzir o comprometimento da sua renda.”

Apesar dessa redução de marcha, Tereza aposta em outro tipo de crescimento. “Hoje, o carro que o brasileiro aspira é o 1.4, não é mais o 1.0. Cada vez mais essa categoria de entrada deve desacelerar e as vendas de carros mais potentes devem ganhar volume”, projeta a economista. “O crescimento dos últimos anos foi explosivo. Agora, com a base alta, se as vendas crescerem 3,5% ao ano, em 2023, a frota brasileira terá dobrado.”

INCERTEZA - Em relação às previsões para 2014, a Fenabrave prefere a cautela. “Este será um ano atípico. Carnaval em março, Copa do Mundo, eleição, enfim, o número de dias úteis será menor. Além disso, a redução de IPI deve desaparecer (a partir de julho as alíquotas voltam ao normal)”, aponta Assumpção Júnior. Diante desse cenário ainda pouco definido, a entidade resolveu trabalhar com dois possíveis cenários. No mais otimista deles, o crescimento dos segmentos de automóveis e comerciais leves fica em zero, ou seja, estável. No mais pessimista, a evolução será negativa em 3,5%.
 




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