Política Titulo Tom republicano
Dilma e Alckmin
antecipam tom de 2014

Apesar do clima, evento foi marcado pela ação
apartidária no envio de R$ 5,4 bi para mobilidade

Cynthia Tavares
26/10/2013 | 07:11
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Orlando Filho/DGABC


 O encontro entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) antecipou o tom da eleição em 2014, apesar de os R$ 5,4 bilhões liberados pela União para projetos em parceria com o Estado demonstrarem iniciativa republicana entre as duas figuras, que estão politicamente em lados opostos. O aporte anunciado ontem, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, faz parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Urbana. O investimento será feito principalmente no sistema metroferroviário. Dilma e Alckmin, que buscarão a reeelição no ano que vem, defenderam seus governos.

A Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos projeta construir 30 quilômetros de trilhos – são intervenções na Linha 13-Jade (ligação entre o aeroporto internacional de Guarulhos e o aeroporto de Congonhas), Linha 9-Esmeralda e Linha 2-Verde do Metrô. As reformas das estações da CPTM localizadas na Região Metropolitana custarão R$ 1,2 bilhão, sendo que R$ 590 milhões são aportes federais. Os terminais de Mauá (Guapituba e Centro), Santo André (Capuava, Prefeito Saladino e Prefeito Celso Daniel), Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra serão contemplados.

Dilma afirmou que até poucos anos atrás o governo federal não tinha condições econômicas para financiar obras de grande porte, como ocorre hoje. A crítica serviu de indireta aos dois governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-1998 e 1999-2002). “Nos anos 1980 e 1990 era considerado inadequado fazer Metrô, dado o custo elevado de investimento. Essa inadequação estava ligada ao fato de o Brasil estar passando por um momento difícil”, considerou.

A petista reiterou que, além da inviabilidade financeira, o FMI (Fundo Monetário Internacional) fiscalizava os altos montantes empenhados para obras. “Naquela época, tinha que pedir autorização para o Fundo Monetário e, por isso, foi bom a gente ter pagado a dívida”, declarou a petista. O acerto da pendência com a instituição financeira ocorreu em 2005, quando o valor estava estimado em US$ 15,5 bilhões. O pagamento foi uma das bandeiras na campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 2003 a 2006 e 2007 a 2010).

O governador destacou os investimentos que o Estado tem feito ao longo dos anos para melhoria do transporte público. “Nós temos, em São Paulo, 74,5 quilômetros de Metrô e 254,5 quilômetros de trem, o que dá um sistema metroferroviário de 329 quilômetros”, enumerou. Alckmin ressaltou que 77% dos passageiros do País que utilizam trem e Metrô estão em São Paulo.

O tucano frisou a importância da Linha 18-Bronze, que passará por São Caetano, São Bernardo e Santo André, interligando com a Capital. “Fizemos uma boa parceria e pela primeira vez o Metrô vai sair da Capital. A gente espera lançar a PPP nas próximas semanas”. O edital da concorrência pública será lançado no dia 7. Havia expectativa que fossem anunciados R$ 400 milhões da União para ajuda no projeto, mas não ocorreu.

 

FINANCIAMENTO

Dos R$ 5,4 bilhões anunciados ontem, apenas R$ 1,3 bilhão foi retirado do Orçamento Geral da União a título de fundo perdido. Dilma comentou sobre as críticas ao alto número de financiamentos realizados pelo governo federal, principalmente por intermédio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). “Houve críticas acerca do governo federal financiar as obras porque isso aumentaria os custos dos Estados e dos municípios. Vamos continuar financiando obras de mobilidade porque é importante. Se não existir financiamento, não sai obra de longo prazo no Brasil”, retrucou a petista.

 

Petista defende consórcio do pré-sal

 Dilma aproveitou a solenidade ontem para defender o Consórcio vencedor para explorar o campo de Libra, primeira área do pré-sal que foi leiloada na segunda-feira. Para a petista, as empresas são mundialmente reconhecidas pela sua expertise de exploração e são vítimas de xenofobia.

“Qualquer um sabe o que é uma empresa chinesa. São os maiores importadores de petróleo. Ninguém consegue considerar prejuízo com as empresas chinesas. Pensar diferente disso é ingenuidade absurda. Prefiro a ingenuidade do que a xenofobia. Ingenuidade tem cura, xenofobia, não”, disparou.

A petista defendeu o regime de partilha do pré-sal e reiterou a boa qualidade do petróleo encontrado na bacia. “O modelo de concessão você não sabe onde está o petróleo. Não é garantido. Portanto, quem achar fica com o que achar. No modelo de partilha, eu sei onde está o petróleo, sei quanto tem lá dentro e sei a qualidade.”

A presidente recordou a lei que destina 75% dos royalties do petróleo para Educação e 15% para Saúde. “A única condição de sermos um País rico é usar essas riquezas para garantir que as futuras gerações e as atuais tenham acesso à melhor Educação”, declarou.

Dilma voltou a defender a reforma política e salientou que o governo tem trabalhado para garantir o controle da inflação. “Quanto mais melhorar a condição pública e combater a corrupção, melhor para o País. A mesma coisa se deve à estabilidade econômica.” CT




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