Embora novidades no cenário político, Solidariedade e Pros nasceram governistas no Grande ABC, mantendo a velha postura carimbada da classe. Criadas às vésperas do limite para poderem participar da eleição de 2014, as legendas angariam 12 vereadores (divididos em seis para cada) e, apesar de alguns discursos clichês, apenas em São Bernardo haverá voz isolada de oposição, como bancada, à gestão municipal.

Essa dúzia de parlamentares corresponde a 8,5% das cadeiras legislativas das sete cidades (são 142 vagas). Em Santo André, cidade onde teve o maior número de dissidências até agora, foram cinco saídas: três para o Solidariedade (Toninho de Jesus, Ailton Lima e Sargento Lobo) e dois ao Pros (Marcos Pinchiari e Elian Santana). Desse quinteto, o único que mantinha linha mais crítica ao governo Carlos Grana (PT) era Ailton, ex-PTB. Os outros quatro assumiram posição de base aliada. 

A maioria, inclusive, expôs publicamente que, mesmo com a mudança, a atuação do mandato no plenário se manterá idêntica. Toninho comentou que permanecerá em apoio aos projetos do prefeito e que nada alterou na relação com o Executivo. “Não haverá imposição. Temos um compromisso”, afirmou o ex-democrata. Hoje correligionário, Lobo sinalizou que continuará defendendo os bons projetos para a cidade. “Faremos o nosso papel de fiscalizar, mas nada ferrenho ou inconsequente.”

São Caetano foi o segundo município em volume de desfiliações aos novos partidos. Foram três na totalidade. Dois deles (Paulo Bottura e Jorge Salgado) retratam fielmente o conceito de apenas alteração de lado, mas não de ideologia governista, arraigada na vereança. Ambos alegaram divergências e desgaste do PTB da cidade – o partido ficou no poder por três décadas ininterruptas. A saída se dá justamente com o peemedebista Paulo Pinheiro no comando. No Solidariedade, o outro da base é Cidão do Sindicato.

Mauá entra na mesma situação. Edgard Grecco e Severino do MSTU ingressaram no Pros. Já adotando tom governista, Edgard, por exemplo, admitiu que a troca o deixa distante da deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), figura oposicionista ao PT, do prefeito Donisete Braga. Em Rio Grande da Serra, Angela Tupperware abandonou o PSDB, do chefe do Executivo, Gabriel Maranhão, porém se mantém atrelada ao Paço. Diadema e Ribeirão Pires não tiveram evasões para as neosiglas.

São Bernardo será a única a destoar deste prisma recorrente. A exceção fica com Pery Cartola, que se filiou ao Solidariedade, reafirmando atividade de oposição à administração Luiz Marinho (PT).

PDT registra maior êxodo no Grande ABC, com 4 baixas

Raphael Rocha

Do Diário do Grande ABC

O PDT foi a sigla que mais perdeu vereadores na janela de transferência partidária para 2014. Foram quatro parlamentares eleitos pelo partido que decidiram deixar a legenda: Sargento Lobo (Santo André), Cidão do Sindicato (São Caetano), Ricardo Yoshio (Diadema) e Severino do MSTU (Mauá).

A debandada tem principal reflexo na criação do Solidariedade, partido idealizado por um dos maiores expoentes pedetistas: o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.

Não à toa que metade dos vereadores que saíram do PDT foi ao Solidariedade, casos de Lobo e Cidão. Yoshio optou pelo PRB – depois de ter assinado ficha de filiação no PR – e Severino preferiu o Pros, seguindo o ex-peemedebista Edgard Grecco.

A bancada pedetista no Grande ABC agora possui seis representantes: Cosmo do Gás (Santo André), Ramon Ramos (São Bernardo), Cincinato Freire e José Wilson Ferreira da Silva, o Melão (Mauá), Edson Savietto, o Banha (Ribeirão Pires), e Israel Mendonça (Rio Grande da Serra).

O PTB aparece na sequência entre legendas que mais se enfraqueceram nas Câmaras da região. Foram três desligamentos em cidades onde a sigla tem forte atuação política. Ailton Lima, de Santo André, rumou ao Solidariedade, enquanto Jorge Salgado e Paulo Bottura, de São Caetano, ao Pros.

O PTdoB ingressou na lista de diminuição de poder na sexta-feira, quando a bancada trabalhista na Câmara de Santo André, formada por Elian Santana e Marcos Pinchiari, migrou para o Pros.

MAIORES MUDANÇAS

A Câmara de Santo André registrou a maior movimentação partidária neste ano. Cinco vereadores trocaram de partido.

Além de Ailton Lima, Sargento Lobo, Elian Santana e Marcos Pinchiari, Toninho de Jesus (ex-DEM, agora no Solidariedade) foi outro a mudar de legenda.

São Caetano e Mauá tiveram três alterações partidárias cada uma.