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Hiroshima fará homenagem às vítimas de bomba atômica
Da AFP
05/08/2003 | 08:37
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Hiroshima fará esta quarta-feira uma homenagem às vítimas da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos sobre essa cidade em 1945, um acontecimento que acelerou o final da Segunda Guerra Mundial, enquanto o Japão questiona sua política antinuclear.

"Pode o Japão ter armas nucleares?". Um site japonês da internet apresentou durante um ano esta pergunta, considerada tabu no país até um certo tempo, enquanto nos Estados Unidos os conservadores animam um debate a respeito, dizendo que o Japão poderia avançar nesse campo para neutralizar o programa nuclear da Coréia do Norte.

Surpreendentemente, a sugestão foi ganhando o apoio dos internautas até obter 53% de votos favoráveis de cerca de oito mil pessoas que entraram no site "VOTE.co.jp", que mostra uma ampla gama de questões, desde a política até o mundo do espetáculo.

Apesar da limitada audiência do site, o simples fato de apresentar esta pergunta é um sinal de mudança na opinião pública japonesa. Até recentemente este tema estava fora de discussão na única nação que foi atacada com armas nucleares.

A pesquisa começou em junho passado, depois que os líderes japoneses modificaram a denominada "alergia" do país às armas nucleares e apoiaram as operações norte-americanas no Afeganistão e Iraque.

Em um discurso pronunciado em uma universidade, o subsecretário chefe do gabinete, Shinzo Abe, disse que não é "necessariamente inconstitucional" que o Japão recorra a armas nucleares táticas.

Posteriormente, o secretário chefe do gabinete, Yasuo Fukuda, disse que a política nipônica dos 35 últimos anos, que proíbe a produção, posse e presença de armas nucleares em seu território, pode ser "reexaminada", embora não durante seu mandato.

Anos atrás, estas declarações teriam custado o cargo a ambos e certamente provocariam medo de um ressurgimento da militarização e das ambições territoriais japonesas nos países vizinhos, onde persiste a lembrança da agressão nipônica na época da guerra.

Em 1999, Shingo Nishimura foi forçado a renunciar a seu cargo de vice-ministro de Defesa após sugerir que o Parlamento japonês devia discutir a questão de possuir ou não um arsenal nuclear.

A Constituição japonesa de pós-guerra renuncia a ter forças armadas e proíbe o uso da força para solucionar conflitos internacionais.

Mas com a esperança de converter o Japão em um "país normal", sucessivos governos pro-americanos, dominados pelo Partido Liberal Democrata (conservador), reduziram os limites dessa interpretação constitucional com a progressiva formação de forças armadas, chamadas de Forças de Autodefesa.

Na "declaração de paz" anual que se realiza em Hiroshima durante a cerimônia de aniversário do holocausto nuclear, o prefeito da cidade, Tadatoshi Akiba, um ex-parlamentar social-democrata, pedirá ao Governo que amplie sua política antinuclear para buscar a proibição da produção, posse e uso de armas nucleares em todo o mundo.

Hiroshima foi devastada pelo primeiro ataque nuclear na história da humanidade, no dia 6 de agosto de 1945, que provocou a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial. Estima-se que cerca de 200 mil pessoas morreram na explosão dessa bomba atômica.

Milhares de sobreviventes sofreram graves enfermidades como resultado da exposição a radiações provocadas pela explosão.

Junto a Nagasaki, também devastada por uma bomba atômica norte-americana três dias mais tarde, Hiroshima liderou uma campanha de erradicação de armas nucleares e testes atômicos, sob o slogan "Hiroshima nunca mais".




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