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‘Quem imaginava que Alckmin perderia?’, diz Salles
Por Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
04/02/2007 | 22:24
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Presidente do PFL de Santo André e secretário de Comunicação de São Bernardo, Raimundo Salles admite que pelo menos em Santo André haverá candidato a prefeito pelo partido: “Meu nome está colocado”. Ao comentar os planos para a legenda, Salles argumenta que o PFL representa a classe média e, por isso, não é popular. Sobre as eleições do ano passado, o presidente afirmou que, pelas contas, teria sido o trigésimo deputado federal da coligação PSDB/PFL.

DIÁRIO – Que avaliação o sr. faz do PFL no Grande ABC?
RAIMUNDO SALLES – O PFL é um partido neo-liberal em uma região eminentemente operária. Mesmo assim, o partido acabou tendo um resultado histórico na cidade de Santo André. Em âmbito geral, obtive mais votos do que o deputado estadual eleito Vanderlei Siraque (PT) e mais que o ex-deputado federal Professor Luizinho (PT), que são de correntes opostas ao pensamento do PFL. Só ao pensamento, porque, na prática, hoje o PT e o PFL não se diferenciam absolutamente em nada. (Siraque obteve 55.715 votos contra 56.195 de Salles. Em Santo André, o petista registrou 41.304 contra 29.219 do pefelista).

DIÁRIO – O partido pretende trazer novos quadros?
SALLES – O PFL não é, efetivamente, um partido de massas, está mais fundamentado na articulação política. O PFL não terá nas suas fileiras um conjunto de pessoas que possa representar setores da sociedade que estejam fora do seu ideário.

DIÁRIO – Mas não terá algum novo nome?
SALLES – Volto a dizer, o PFL está em fase de construção na região. E, desta forma, a gente não sai à caça de pessoas que possam ter experiência política, conjunto de votos que possam trazer ao PFL. Acho que o partido será construído pelos setores que representa: a classe média, os setores produtivos – que hoje não têm retaguarda do governo federal – professores, profissionais liberais.

DIÁRIO – Há intenção de fazer candidatos a prefeito em todas as cidades da região?
SALLES – Acredito que não. O partido tem de fazer parte de um sistema de governo, de poder, que possa chegar a governar. O resto é falácia. Acho que partidos têm de se unir, formar quase uma federação de siglas de mesma identidade e propor à sociedade uma alternativa de poder. No caso de Santo André a situação é diferente.

DIÁRIO – Por quê?
SALLES – Se for conveniente ao partido e se a sociedade entender que o PFL possa ter candidato a prefeito meu nome está colocado. Até porque, volto a dizer, tive mais votos que Vanderlei Siraque, apoiado pela máquina. Não fui eleito, evidentemente em função das falhas pessoais e também por causa do quociente eleitoral.

DIÁRIO – O quociente da coligação PSDB/PFL era muito alto...
SALLES – Em cinco partidos eu estaria eleito. Inclusive no partido que estava anteriormente (PHS). Também ninguém imaginava que a coligação PSDB/PFL não fizesse 30 deputados federais. Fez 23. Eu era o trigésimo.

DIÁRIO – É por isso que há infidelidade partidária?
SALLES – Não é essa a questão. É muito fácil fazer uma avaliação como essa. Quando sentei com Alckmin (Geraldo, PSDB, ex-governador) e Kassab (Gilberto, PFL, prefeito da Capital) todas as contas era de que, dos 70 deputados federais de São Paulo, a coligação faria 30. Era uma conta tão óbvia porque na última eleição, quando Lula estava bem pra caramba, a coligação havia feito 19. Quem imaginava que o Lula ia estar tão bem no primeiro turno contra o Alckmin? Não sou bidu, não sou sibila, não posso imaginar o que pode acontecer. Todo planejamento foi nesse sentido. Poderia ter ficado num partido que tivesse menos votação. Mas o homem é a sua circunstância.

DIÁRIO – Mas isso não leva à infidelidade partidária?
SALLES – Meu tipo de voto não é ideológico. Eu nunca tive um trabalho social. Não interno nem emprego ninguém. Recebo voto independentemente do partido onde estiver filiado. Considero-me uma pessoa que entende de partido e, por isso, volto a dizer: quem imaginava que Alckmin perderia? Mas a coisa complicou.



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