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Referendo divide delegados do Grande ABC
Renan Cacioli
Do Diário do Grande ABC
06/10/2005 | 08:29
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Eles representam os personagens da sociedade que mais desejam acabar com os bandidos e reduzir os índices de homicídio. Mas, nem por isso, os delegados de Polícia têm opiniões iguais sobre o referendo do desarmamento. Entre a linha tênue que separa a legítima defesa do acesso liberado às armas de fogo, a decisão de qual lado apoiar no dia 23 de outubro, data da votação, traz diferentes questionamentos para os homens que prezam pela ordem nos municípios.

"É uma decisão muito difícil para ser tomada, mas minha posição é a favor do desarmamento", explica o delegado seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula, que admite ser uma das exceções entre os colegas de trabalho. "A grande maioria dos meus superiores têm opinião diferente da minha."

O delegado disse ter tomado essa decisão após uma constatação feita à época em que era diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). "No ano de 2000, fiz uma pesquisa com 1,4 mil casos, para saber a motivação dos homicídios. Em primeiro lugar, estão os motivos mais banais possíveis – discussão de vizinho, briga em boteco – que provavelmente, se não houvesse uma arma de fogo ali, não teria resultado em morte", comenta Marco Antônio.

Já o delegado-titular de São Caetano, Adilson da Silva Aquino, é contrário ao referendo da forma como ele está colocado. "Se fosse para ter uma discussão popular, ela deveria ter sido feita antes da elaboração da lei. Não só um artigo para que a população decida se é a favor ou não do comércio de armas", afirma Aquino, que optará pelo ‘não‘ na votação.

Adilson acredita que o problema não está na liberação ou não do comércio de armas de fogo, mas no direito do cidadão em se defender. "Quem não gosta de armas não vai comprar uma simplesmente porque o comércio está liberado. Tem pessoa que se sente preparada para possuir uma arma dentro de sua residência, e pode adquirir para a defesa da sua família. É um direito que todo mundo tem, é constitucional, inclusive", explica o delegado.

Político – Para o delegado plantonista do 1º DP de Santo André, Fabiano Vieira da Silva, o referendo é apenas uma desculpa do governo que, na opinião dele, não investiu em melhorias na segurança pública e agora pretende utilizar a questão como bandeira política. Ele critica também a campanha do desarmamento, e alega que as armas destruídas poderiam ter outro destino.

"São armas de calibre bom, que poderiam equipar os policiais que hoje trabalham com armas precárias. Mas não, estão sendo destruídas pelos governantes para mostrar na televisão", opina Fabiano.




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