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Assaltantes põem taxistas em pânico
Por Fabio Leite
Especial para o Diário
02/02/2006 | 07:39
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Uma onda de assaltos a taxistas da região tem feito da categoria uma das principais vítimas de bandidos que agem sobre motos e a mão armada. Pelo menos quatro veículos são alvos de criminosos todos os dias em São Bernardo há mais de um mês, segundo profissionais de duas cooperativas do Grande ABC. As abordagens, que ocorrem principalmente no Centro da cidade e durante a noite, também são freqüentes nas vias de Santo André.

O estado de alerta, contudo, chegou somente quarta-feira aos ouvidos dos órgãos públicos. Nesta quinta-feira à tarde, os comandos das polícias Civil e Militar, Guarda Municipal e o prefeito William Dib reúnem-se com uma comissão de taxistas para analisar a situação e possivelmente elaborar uma operação para coibir a ação dos criminosos. O anúncio do encontro fez com que a categoria na cidade cancelasse uma carreata programada para a tarde de quarta-feira.

Os taxistas acreditam que os roubos sejam feitos por uma mesma quadrilha, já que os modelos das motos (duas Twister, uma preta e outra prata e uma CB 500 preta) e as abordagens são sempre semelhantes. "Eles vêm sempre em dois por moto e seguem a gente até parar no semáforo. O garupa aborda sempre a mão armada e toma o dinheiro, aparelho celular e relógio tanto da gente quanto dos passageiros", relata um taxista que já foi vítima de quatro assaltos e prefere não se identificar. Os locais mais visados estão no Centro da cidade, principalmente na avenida Faria Lima, próximo ao ponto de táxi da praça Brasil.

De acordo o diretor de uma cooperativa de táxi, Roberto Andrade Santana, o número de assaltos chegou ao seu estágio mais crônico. "Todo dia de manhã chego no ponto e ouço que o fulano e o beltrano foram assaltados. Muitos já estão desistindo de trabalhar à noite", afirma. Outros, emenda João Leite, taxista há 30 anos, estão retirando o luminoso de cima dos carros para não atrair bandidos. "Nunca vi isso antes. Não temos segurança nenhuma", diz.

Segundo ele, os taxistas que tentam fugir dos assaltantes entram na mira do revólver, como ocorreu há menos de uma mês com Marcos Aurélio Marine. O taxista foi abordado num semáforo na avenida Faria Lima por dois bandidos em uma moto e ao tentar escapar teve o carro atingido por uma bala. "A bala perfurou o carro e parou nas minhas costas. Chegou a queimar a camiseta", conta. Dois dias depois, Marine e os dois passageiros que levava tiveram seus pertences roubados em ação semelhante.

Diante do relato do colega, o taxista José Edson de Araújo desabafou: "Trabalhar de noite virou uma verdadeira roleta russa". Bastantes receosos, os taxistas dizem não entender o motivo de serem as vítimas mais freqüentes da ação de bandidos que atuam no trânsito. "A gente não anda com muito dinheiro. Se você for ver só tem boleto, que depois a gente deposita na cooperativa. E ladrão não leva boleto", conta Arnaldo Costa Pimentel.

Desconhecimento – De acordo com o delegado seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Souza, a onda de assaltos a taxistas na região é uma novidade para a polícia. "Não temos um sistema informatizado de bola de cristal. Fiquei sabendo dos locais e horários das ocorrências hoje por intermédio da imprensa. Se os fatos fossem registrados constantemente já teríamos tomado alguma medida repressiva", explica.

Segundo ele, apenas dois boletins de ocorrências desta natureza foram registrados no último mês. Em contrapartida, os taxistas alegam que os crimes não são registrados devido as ameaças que sofrem dos bandidos. "Todo mundo que é assaltado é ameaçado. Eles têm de escolher se preferem pedir ação da polícia ou continuar sendo vítimas dos criminosos", rebate o delegado.

No começo do ano, a Polícia Militar já havia classificado o Centro de São Bernardo como um entrave no combate aos assaltos. Segundo a PM, a Faria Lima e a Marechal Deodoro são os pontos mais críticos. De acordo com o major Jeferson de Almeida, as áreas relatadas pelos taxistas terão policiamento intensificado nos próximos dias. "Mas se os fatos não são notificados a polícia fica difícil direcionar o policiamento para onde estão ocorrendo essas ações", explica.




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