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Cidade da Criança será ‘sala de aula’
Por Rita Camacho
Do Diário do Grande ABC
07/10/2005 | 08:22
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Parque Educativo Cidade da Criança. Esse é o nome provisório para a área de 37,7 mil m², localizada no Jardim do Mar, em São Bernardo, para a qual a Prefeitura promete reforma geral. Inaugurado em 1968 e referência nacional em diversão infantil nos anos 70 e 80, o parque amargou declínio e abandono nos últimos tempos. Com instalações precárias e boa parte das atrações desativadas, foi interditado por decisão da administração municipal no último domingo, após pressão do Ministério Público. Agora, o espaço será uma extensão da sala de aula, como conceitua o secretário especial de Assuntos Voltados à Comunidade, Admir Ferro, que, sãobernardense e cinquentenário, também brincou no local. “A filosofia é fazer as crianças aprenderem brincando”, resume.

Embora o parque tenha capacidade para 10 mil pessoas, a idéia, após a reforma, é receber por dia 4 mil estudantes da rede pública municipal de segunda a sexta, em atividades monitoradas. Se a previsão se concretizar, cada um dos 80 mil alunos da rede municipal terá chance de visitar o parque pelo menos uma vez por mês. O transporte, planeja-se, será feito pelos 44 ônibus escolares nos períodos ociosos entre os horários de entrada e saída das escolas.

A abertura do parque ao restante do público ainda está indefinida. O mais provável é que aconteça nos fins de semana, com cobrança de ingresso para gerar receita em benefício do espaço. Outra possibilidade é alugar o parque para visita de escolas particulares.

Até a interdição, o parque estava funcionando de quarta a domingo e a freqüência média mensal este ano estava na casa de 8,5 mil pessoas, ou pouco mais de 400 pessoas por dia.

Resistente em estimar prazos para entregar a obra, o secretário arrisca – com otimismo, bem-entendido –, segundo semestre do ano que vem. O valor do investimento também é elástico: “De R$ 5 a R$ 10 milhões”. A maior parte dos recursos deve sair dos cofres da Secretaria de Educação, que passa a administrar o parque, até então sob o guarda-chuva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turístico.

A imprecisão sobre prazos e valores tem motivos concretos. Ferro foi pego de surpresa com o fechamento do parque antes do planejado e não tem em mãos ainda relatório detalhado de custos. Não foi identificada, por exemplo, a dimensão do comprometimento de instalações elétricas e hidráulicas. Sabe-se que parte das obras poderá ser realizada por administração direta, ou seja, com o trabalho dos funcionários da Secretaria de Serviços Urbanos. O secretário promete iniciar as obras nas próximas semanas, ao mesmo tempo que monta o processo de licitação para os serviços que serão terceirizados. Os operários municipais poderão desmontar brinquedos que serão desativados, e fazer bases para as novas atrações, por exemplo.

O projeto prevê a manutenção das três áreas ligadas por passarelas, que serão substituídas por túneis – um para ida e outro para volta. Esses túneis serão ambientados no tema da área a ser acessada. O parque estará dividido em Espaço do Aprender (onde está a entrada principal), Espaço Ciência e Tecnologia (antiga área Espacial), onde será construído um planetário, e Espaço Natureza (antiga Região Amazônica). Estão previstos também a reprodução de uma oca e de costumes indígenas, onde funcionava o restaurante; a Casa da Música, para que as crianças tenham oportunidade de conhecer os diferentes tipos de instrumentos e ritmos musicais, e um espaço para atividades circenses. Para apoio ao usuário, serão construídos fraldário e refeitório.

O secretário promete manter alguns brinquedos ícones do parque, como o Submarino, adaptando-os à proposta de parque pedagógico. O tanque deve ganhar outros elementos que reproduzam a fauna e a flora aquática brasileiras. Para o avião, outra atração concorrida nos tempos áureos, a Prefeitura poderá fazer parceria com alguma companhia aérea que tenha interesse em patrociná-lo. Outros brinquedos de propriedade da Prefeitura também poderão ser recuperados. As atrações na mão de permissionários ainda são dúvida e por isso mesmo objetos de protesto.

Novela – A memória da Cidade da Criança também deve ser preservada. A parte que serviu de cenário para a novela Redenção, de 1966 a 1968, e que originou o parque, está tombada desde 1990 pelo conselho de patrimônio municipal e será restaurada. Estão incluídas aí a estação de trem, as lojas (que serão transformadas em espaços para oficinas), a prefeitura e a igreja, onde a administração municipal pretende organizar festas típicas, com quadrilhas juninas e exibição de fanfarras das escolas. As réplicas do Teatro e do Hotel Amazonas também serão recuperadas.

A tradição de eleger prefeito e vereadores da Cidade da Criança será reeditada, como forma de estimular o espírito de cidadania entre os estudantes.



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