"Admiramos e louvamos tamanho amor ao próximo, testemunhado com a doação da própria vida." Com essas palavras, o bispo da Diocese de Santo André, dom Nelson Westrupp, elogiou o bispo de Barra (Oeste da Bahia), dom Luís Flávio Cappio, que fez greve de fome contra o projeto de integração do rio São Francisco. O líder religioso também fez apelo ao presidente Lula para que, "tocado por tão eloqüente clamor", só comece o processo assim que toda a polêmica existente em torno da transposição seja solucionada.

A greve de fome do bispo de Barra polemizou no Grande ABC. O padre Belizário Elias de Sousa, da igreja matriz de Mauá, acredita que essa forma de protesto é ótima para defender "aquele povo que sofre tanto". Já o padre Egídio Battocchio, da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, a matriz de São Bernardo, afirma "combinar plenamente" com a posição emitida pelo secretário-geral da CNBB, dom Odilo Pedro Scherer, de que não é "moralmente" aceitável a forma de protesto. "Não é possível se suicidar por causa disso. É um atentado não necessário à vida."

O mesmo defende o padre da Igreja São José, matriz de Ribeirão Pires, Pedro Gerantalo. "Deve haver outros meios de protestar." Mais cuidadoso, padre Joaquim de Souza, da Igreja São Sebastião, matriz de Rio Grande da Serra, diz não ser contra a greve de fome, mas adotaria outra forma de protesto. "Acho que poderia se organizar de outras maneiras, fazendo abaixo-assinado, envolvendo mais pessoas", sugeriu.

Padre Joaquim fez questão de lembrar que d.Luís tem direito de se manifestar da forma que achar melhor porque é livre, mesmo pertencendo à igreja. "Mas confesso que haveria outra maneira de se organizar, envolver mais pessoas."