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Mudança na PLR na GM traz insatisfação

Funcionários dizem que regra foi mudada na 'calada da noite'; sindicato afirma que medida tinha sido definida em 2017

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
16/01/2021 | 00:15
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Dezenas de trabalhadores procuraram o Diário para manifestar insatisfação na mudança das regras da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) para trabalhadores afastados do serviço.

Segundo eles, votação virtual às vésperas do Natal incluiu cláusula no acordo coletivo que mudou as condições para receber a bonificação. Até então, qualquer funcionário afastado por doença, acidente de trabalho ou licença-maternidade que tivesse trabalhado pelo menos um dia no ano, neste caso, 2020, independentemente da data do afastamento, teria direito de receber 100% da PLR. Com a alteração, a regra passou a valer apenas a quem se afastou no vigente. Quem, em 2019 (ou antes), esteve fora das atividades laborais e, em 2020 voltou a operar, recebeu valor proporcional ao tempo trabalhado no ano em questão.

“Antes, tudo era aprovado em assembleia. Com a pandemia, começaram a ocorrer votações virtuais sem grandes divulgações, como esta, que aconteceu na calada da noite e, além disso, não foi exposta essa cláusula a quem estava votando. Sem falar que qualquer um, mesmo sem ser funcionário, podia votar”, diz operário que pediu sigilo. “Essas votações virtuais têm sido para enganar os funcionários. Exemplo foi a votação do PDV (Programa de Demissão Voluntária) para restritos, que foi aprovada e não teve adesão.”

“Todos os anos espero a PLR e faço um bolinho para minha filha, só que neste ano não vai ser possível, infelizmente precisei me afastar no fim de 2019 e retornei no começo de 2020. Mas quando fui verificar meu holerite me confrontei com desconto de mais da metade do valor. Minha pressão subiu e fiquei sem saber o que fazer”, conta outro funcionário. O valor integral da PLR é de R$ 13.230.

Questionado, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, informou que essa mudança havia sido aprovada no acordo coletivo de 2017, mas ainda não tinha sido colocada em prática. “A GM queria implantar a proporcionalidade para todos os casos de afastamento. A condição para que isso não ocorresse, e fosse mantida a integralidade de quem se afastasse e retornasse no mesmo ano, foi aplicar o absenteísmo quando o afastamento ocorresse em anos anteriores. Isso já foi discutido lá atrás, talvez tenha passado despercebido pelos trabalhadores”, disse.

Segundo o sindicalista, nas plantas em São José dos Campos (Interior) e Mogi das Cruzes (Região Metropolitana), a proporcionalidade já vale para todos os casos de afastamento. “Ainda que aqui conseguimos manter 100% do valor para afastamento e retorno no mesmo ano. Não tem jeito, é preciso negociar para viabilizar os benefícios.”

Conforme outro empregado, há muitos anos eles são “praticamente obrigados a aceitar acordos fechados entre empresa e sindicato que só nos prejudica”. “Isso tem ficado cada vez mais evidente, estamos há um bom tempo engolindo a seco esses acordos, mas em meio à pandemia a empresa usar o fato do distanciamento a seu favor e fazer assembleia virtual, a qual não se comprova a veracidade, já é um insulto”, disparou.

Procurada, a GM disse que não iria se manifestar.
 




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