Política Titulo Pressão por votos
Ex-prefeitos à vereança não são garantia de êxito eleitoral

Aidan e Grana tentam marcar feito; região coleciona reveses por cadeira na Câmara

Por Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
19/09/2020 | 07:00
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Políticos com reduto em Santo André, Aidan Ravin (Republicanos) e Carlos Grana (PT) remontam o passado de ex-prefeitos na disputa à vereança, cenário que, em território do Grande ABC, não é sinônimo de sucesso eleitoral. A região coleciona fracassos de ex-chefes de Executivo municipal, que, em alguns casos, aposentaram as figuras das urnas. Por outro lado, diante do histórico, recall e das circunstâncias do pleito de novembro, ambos aparecem no quadro como apostas de seus partidos na condição de puxadores de voto na concorrência por vaga na Câmara.

Após quase três meses internado em decorrência de complicações da Covid-19, Aidan decidiu ser novamente candidato a uma cadeira no Legislativo – a última vez foi em 2004 –, recuando do projeto de entrar como vice na chapa de Ailton Lima (PSB). Em recuperação pelo longo período no hospital, ele ouviu conselhos do grupo político. O próprio ex-prefeito admitiu que a retomada pode ser recomeço da vida pública. Acumula quatro derrotas consecutivas desde 2012. Há 16 anos, obteve 10.019 votos (2,57%), recorde até hoje.

“Como vereador a gente pode orientar, fiscalizar, criar leis, mas posso também dar opinião e estar junto com o prefeito para caminhar essa cidade. Conheço a cidade toda, tenho experiência, e vou continuar minha vida como médico”, pontuou Aidan. Sucessor do ex-prefeito, Grana concorreu contra Aidan em 2012, e levou a melhor. Sofreu revés, contudo, em 2016, no projeto de reeleição, o que, para ele, foi a “onda do ódio”. “A eleição à vereança está criando dimensão positiva, ao meu ver. Aidan só acrescenta com a possibilidade de termos Câmara de peso. São lideranças que pensam o conjunto da cidade. Espero estar entre eles”, avaliou o petista, ao rechaçar que, eventual revés, comprometeria a trajetória. “Aceitei o desafio com o compromisso de ajudar o partido. Isso está acima de qualquer questão pessoal.”

A única página de sucesso pós-redemocratização é a do ex-prefeito e ex-deputado José Augusto da Silva Ramos (PSDB), em Diadema. O tucano governou a cidade entre 1989 e 1992, quando estava filiado ao PT. Tentou retornar ao Paço em quatro oportunidades, sem êxito. Diante da sequência negativa, em 2012, ousou: se lançou à Câmara. Recebeu 7.254 votos, o melhor desempenho da história da cidade até hoje.

Zé Augusto pouco ficou no Legislativo. Convidado pelo prefeito Lauro Michels (PV) a assumir a Secretaria de Saúde, foi para o Executivo. Colecionou polêmicas e, quatro anos mais tarde, quando tentou retomar o mandato na Câmara, viu a votação desabar para 2.420 adesões. Sem ser reeleito, abandonou a vida pública.

Maria Inês Soares (PT) comandou a Prefeitura de Ribeirão Pires entre 1997 e 2004. Em 2008, apostou em candidatura a vereadora. Foi a segunda mais bem votada da cidade naquele ano, com 1.562 adesões. Mas o partido não atingiu o quociente eleitoral e afundou junto com a ex-prefeita.

Em 2016, dois ex-prefeitos tentaram a sorte na eleição a vereador em suas cidades. Gilson Menezes, de Diadema, e José Teixeira (PSL), de Rio Grande da Serra. Ambos foram derrotados. Gilson amargou parcos 360 votos (ele morreu em fevereiro). Zé Teixeira teve 535 e ficou como segundo suplente da coligação entre PSDB, DEM, PV e PSL. Em 1992, Lincoln Grillo, que havia administrado Santo André entre 1977 e 1983, teve cerca de 1.600 votos na corrida a um assento no Legislativo e foi derrotado.




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