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Bufês da região resistem à pandemia e miram o futuro

Entre empréstimos, prejuízos e sacrifícios, os salões de eventos têm agenda cheia em 2021

Tauana Marin
do Diário do Grande ABC
23/08/2020 | 07:18
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Celso Luiz/DGABC


Em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus, o sonho de se casar ou festejar junto à família e amigos precisou ser adiado ou cancelado. Por trás da frustração da ausência da comemoração na data idealizada, há muitas famílias que sobrevivem do negócio e precisaram se reinventar ou buscar alternativas para manter os espaços de ‘portas abertas’. Mesmo não havendo uma entidade que agrupe os bufês instalados na região, pode-se dizer que esses negócios sobrevivem hoje por meio de empréstimos.

Exemplo é o bufê infantil Algodão Doce. Instalado há 14 anos na Vila Alpina, em Santo André, suspendeu suas atividades em 19 de março e, desde então, aguarda liberação do governo para que possa voltar às atividades. “Cerca de 90% das festas foram transferidas para o próximo ano, e 10% fizeram o cancelamento. Nesses casos, faremos o parcelamento em 12 vezes (a partir de janeiro de 2021), conforme determinou o governo. Neste caso, não precisamos pagar multa pelo serviço rompido”, conta a administradora Daniela Hone Bramante, mulher do sócio-proprietário Carlos Henrique Riegel Bramante. O local mantém os três funcionários fixos, que tiveram suspensão de contrato e agora contam com redução de jornada, conforme prevê a MP (Medida Provisória) 936. Os outros 25 colaboradores freelancers estão à espera da volta das festas. “Estamos nos mantendo de empréstimo que conseguimos junto ao banco, mas não é o que o governo liberou pelo Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).”

Para os próximos meses, há festas agendadas, mas Daniela explica que os clientes não estão se sentindo seguros para realizá-las, e já estão solicitando alterar para 2021. “Acredito que este ano para nós, do ramo de bufês, será muito difícil.”

Inaugurado no fim do ano passado, o Espaço Villa 935, no Centro de Santo André, já instaurou nova regra para os próximos meses: reduzir a capacidade de 500 convidados comportados pelo espaço para 150. “Ainda não tivemos tempo sequer de sentir o mercado”, conta a administradora Denise Mendes.

O prejuízo contabilizado no Espaço Favoritto Buffet, situado em São Bernardo há oito anos, chega a R$ 200 mil, de acordo com Alexandre Guimarães Dias, sócio-proprietário do local. “Com as remarcações, ficamos sem sábados no primeiro semestre.”

Até o momento, mantivemos o número de colaboradores que são registrados em regime CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). “No entanto, a casa trabalhava com mais 100 colaboradores freelancers, que prestavam o serviço como garçons, auxiliares de limpeza e cozinha, segurança e DJ entre outros.” A estimativa é de voltarmos a realizar os eventos em meados de outubro.

Assessora de eventos há oito anos, Sandra Retamero precisou se reinventar ao ter 90% de todos os eventos remarcados para o ano que vem. Ele apostou em saboaria artesal, com a produção de sabonetes, sprays e aromatizadores de ambientes. “Tenho noiva que já mudou a data da festa por três vezes.” Segundo ela, há duas grandes dificuldades: lidar com a frustração de noivas e debutantes e conciliar a próxima data com todos os prestadores de serviço, como bufê, banda, fotógrafos, decoradores.

Casamento de dezembro é adiado em 1 ano

O casal Tatiana Andre Cerano, 31 anos, e Marcus Vinícius Ribeiro, 37, teve que adiar o sonho do casamento por causa da pandemia do novo coronavírus. O evento que estava marcado para 12 de dezembro, foi adiado em um ano. “Isso porque o casamento será ao ar livre, e no começo de 2021 acreditamos que ainda não será possível realizar eventos com grande volume de pessoas. Como no meio do ano é inverno, deixamos para dezembro do ano que vem. Trata-se de uma data especial, já que comemoramos o dia do primeiro beijo”, conta Tatiana.

Todos os prestadores de serviços foram bem flexíveis, segundo ela, e todos tinham agenda para a nova data escolhida, já que o prazo era longo, e as negociações não precisaram de ajustes financeiros. “Quanto aos convidados, todos entenderam, devido à atual situação. É o melhor, vai demorar bem mais, mas vai chegar. Não entendemos o propósito, mas cremos que será por um bem maior.”

As roupas também foram negociadas. “Eu já tinha alugado o vestido e consegui ajustar a data sem acréscimo de valor. Meu noivo ainda não havia alugado nem comprado, então está bem tranquilo”, brinca.
 




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