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Mauá irá desativar hospital de campanha a partir de segunda-feira

População será orientada a procurar pelas UPAs da cidade; justificativa é tendência de queda nos casos e mortes de Covid

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
06/08/2020 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


A Prefeitura de Mauá anunciou, ontem, que irá encerrar o atendimento do hospital de campanha, instalado no Paço, a partir de segunda-feira. Segundo a administração, a população será orientada a procurar as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) caso apresente sintomas da Covid-19. A decisão foi tomada em razão da “tendência de queda nos casos confirmados e óbitos em decorrência da patologia”.

O prefeito Atila Jacomussi (PSB) defendeu que a cidade é referência no combate à Covid-19, mencionando pesquisa do Instituto Votorantim, que mostrou Mauá como o sexto município com menor vulnerabilidade à doença na Região Metropolitana do Estado. “Salvamos somente na nossa rede municipal 1.800 vidas, por meio do nosso hospital de campanha, do (Hospital de Clínicas Doutor Radamés) Nardini e de toda a nossa rede das UPAs e UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Vamos continuar neste enfrentamento até que a vida da população volte ao normal”, garantiu.

No entanto, de acordo com boletim epidemiológico divulgado diariamente pela Prefeitura, a doença não está com tendência de retração na cidade. Prova é que nos últimos dois meses, o total de mortes causadas pelo novo coronavírus foi de 138 para 212 vítimas, média de duas por dia (veja mais na arte ao lado). O mesmo ocorre com o número de infectados, que saltou de 862 para 2.175 no período, ou seja, cerca de 44 diagnósticos diários. A letalidade da Covid é de 10% no município, ao mesmo tempo em que, na região, é de 4%.
Vale lembrar que a cidade realiza apenas três testes a cada 1.000 habitantes, sendo o menor índice do Grande ABC. Segundo dados do TCE (Tribunal de Contas do Estado), a média de testes é de 54 por 1.000 habitantes da região, conforme publicado pelo Diário em julho. A falta de exames dificulta o acompanhamento da pandemia.

Adriana de Brito, gestora do curso de biomedicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), explica que a testagem em massa possibilita a identificação de contaminados que não apresentam sintomas da doença. “Os assintomáticos podem contribuir ainda mais para o aumento de caso se não respeitarem os protocolos estabelecidos pelos órgãos sanitários”, afirmou.

INVESTIGAÇÃO
O contrato com a Atlantic - Transparência e Apoio à Saúde Pública, responsável pela gestão do hospital de campanha, foi firmado sem licitação e virou alvo de operação do Ministério Público em junho por suspeita de irregularidades. A desconfiança é a de que o convênio seja superfaturado, levando em consideração contratos semelhantes envolvendo hospitais de campanha nas cidades da região. Atila nega as acusações e alega que a escolha da empresa se deu com base no princípio da economicidade. Mesmo sob suspeita, na semana passada a administração prorrogou por mais um mês o acordo com a empresa e pagará, no total, R$ 4,3 milhões para gerenciar a unidade

Chamada de Cecco (Centro Especializado de Combate ao Coronavírus), a instalação começou a operar em abril e conta com 30 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Com o encerramento das atividades, o município passa a contar com 49 leitos no Hospital de Clínicas Nardini, além de leitos de retaguarda e UTI em UPAs e UBSs. Questionada, a Prefeitura não informou a taxa de ocupação ou a quantidade de vagas disponíveis nas unidades de saúde até o fechamento desta edição. Segundo informações do governo do Estado de São Paulo, 18 leitos de UTI do Nardini estão ocupados (36,7%).

Em março, a Prefeitura firmou parceira com o Hospital Vital, ampliando a rede em cinco vagas de UTI e 24 de enfermaria. O acordo público-privado prevê que a administração paga ao hospital só quando os leitos são utilizados. Atila chegou a afirmar que mesma parceria poderia ser firmada com a Santa Casa de Mauá, contudo, não havia definição sobre o assunto até o fechamento desta edição.




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