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Amor à sala de aula mantém professores

Vany Rampasso Ferreira, 70, e Yassushi Tubota, 70, são exemplos de dedicação há mais de 40 anos

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
15/10/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Amor e dedicação são palavras de ordem quando se fala nos professores, cujo dia é celebrado hoje. Esses são os verdadeiros motivos que mantêm os docentes nas salas de aula, mesmo diante das dificuldades enfrentadas. Salário defasado, desinteresse dos alunos e geração ‘sem respeito’ são os principais desafios apontados pelos educadores da região.

Mesmo assim, a maior parte dos professores que atua nas escolas já são veteranos, com mais de 20 anos de dedicação. Os docentes dizem que ‘não largam o osso’ pois sentem-se parte da formação, não somente educacional, mas também social, dos estudantes.

Exemplos são Vany Rampasso Ferreira e Yassushi Tubota, ambos com 70 anos. Os dois profissionais dedicam-se às salas de aula há mais de 45 anos e, mesmo com a chegada da terceira idade, não pensam em abandonar o posto.

Vany transborda seu amor pela profissão no olhar. Professora da EMI Otávio Tegão, no bairro Mauá, em São Caetano, a educadora dedica seu tempo à alfabetização há 51 anos. Ela ministra aulas para o último ano da Educação Infantil. A docente diz ter certeza de que tem vocação para lecionar e, caso tivesse de voltar atrás e recomeçar, seria professora outra vez, pois afirma que “tem paixão” pelo que faz.

A professora acredita que o que não se aprende na primeira infância não será absorvido na adolescência. “Os princípios de sociedade e caráter são adquiridos enquanto somos crianças. Tento transmitir valores para meus alunos. À medida em que vou ensinando o pedagógico, também ensino sobre ser um cidadão melhor.”

Já sobre as dificuldades, Vany ressalta que jamais se apegou aos problemas. Embora seja inevitável apontar entraves ao longo da carreira, a docente acredita que só por fazer parte da “formação de futuros” já vale a pena o esforço.

Sem pensar no baixo salário, mas, no amor à profissão, nunca reclamou. Mesmo assim, não deixa de pontuar que as crianças de hoje não são como as de antigamente. A tecnologia os deixou mais afoitos por informação. “As crianças têm muito acesso a tudo. Hoje não aceitam qualquer explicação; questionam até terem certeza de que estou certa.”

Não é diferente com Yassushi Tubota, que dá aula de Matemática na Escola Estadual Américo Brasiliense, em Santo André. Com 46 anos de magistério, o docente atua no período da noite, isso porque, durante o dia, trabalha como engenheiro. Mas ele já foi professor nos três turnos por mais de 30 anos.

Declarando amor pela Educação, Tubota salienta que,atualmente, em sala de 40 alunos, somente dez estão interessados. “Além de os professores ganharem salário baixo, ainda temos de lidar com extrema falta de respeito.”

O educador afirma que, se até hoje se esforça, é simplesmente por gostar do que faz. “Acredito na Educação. Quando vejo ex-alunos que se tornaram grandes profissionais, me sinto honrado. Sei que de alguma forma fiz parte do futuro que tiveram.” Entretanto, ressalta que, diferentemente dos municípios, que investem nas escolas, o Estado deveria se reciclar. “Lousa e giz não são atrativos para alunos que têm celular, ou seja, todos. Precisamos renovar o ensino e resgatar o interesse dos estudantes em aprender.”

Especialista diz que educador tem de se dedicar às funções básicas da profissão

Especialista ressalta que, embora haja dificuldades, não basta ser professor com diplomas e títulos se, durante a formação, não for preparado e dedicado às funções básicas da profissão: planejar, ensinar e avaliar.

Coordenadora do curso de Pedagogia à Distância e Segunda Licenciatura da Universidade Metodista de São Paulo, a professora Rosemary Leonovos Verrone explica que o professor não deve se esquecer de que é um profissional social. “Olhos e ouvidos atentos para as necessidades, os interesses e as características sociais, afetivas, cognitivas e culturais dos alunos, além de formação contínua, são palavras de ordem para um bom desempenho na profissão.”

SALÁRIO
O piso salarial é avaliado pela especialista como “uma conquista recente”. Em 2008, o governo federal estabeleceu valor mínimo para o início da carreira, fixado para cargos com formação em Nível Médio. “Com o aumento de 6,81% anunciado pelo governo em janeiro de 2018, o piso nacional do magistério é de R$ 2.455,35 para jornada de 40 horas semanais. Apesar de baixo, o valor representa grande ganho”, avalia Rosemary. 




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