Política Titulo Polêmica em Santo André
Câmara de Sto.André admite corte do número de comissionados

Proposta em discussão deve apresentar
redução de 11 para oito apadrinhados por gabinete

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
14/10/2017 | 07:09
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Nario Barbosa/DGABC


A mesa diretora da Câmara de Santo André, presidida por Almir Cicote (PSB), encaminha projeto para corte do número de funcionários em cargos comissionados. A proposta já em discussão internamente deve apresentar redução de 11 para oito cargos apadrinhados por gabinete, o que cairia de 231 para 168 postos no total. A medida debatida tem como principal objetivo evitar novos questionamentos jurídicos, após o TCE (Tribunal de Contas do Estado) e MP (Ministério Público) apertarem o cerco contra o excesso de servidores exercendo funções meramente técnicas sem concurso público.

O Diário publicou levantamento, recentemente, mostrando que nas últimas duas décadas presidentes da Câmara andreense ignoraram as orientações do TCE sobre o exagero de comissionados e tiveram as contabilidades rejeitadas pela Corte. Desde 2001 – incluindo o período até 2012, em análise – todos os exercícios da Casa avaliados foram considerados irregulares. Parte dos dirigentes enfrentou problemas jurídicos para concorrer novamente a cargo eletivo, sendo barrados pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa, entre eles Sargento Juliano (PSB), José Montoro Filho, o Montorinho (PT), e José de Araújo (PSD).

Cicote convocou os 21 parlamentares para reunião na segunda-feira para tratar especificamente do caso. O índice da diminuição de assessores que irá constar no texto não está sacramentado, uma vez que vai entrar agora em debate com todos os vereadores, mas o cálculo é defendido pelo socialista, baseado em declaração do presidente do TCE, Sidney Beraldo, ao Diário, de que a Corte estuda sugerir aos Legislativos equilibrar a quantidade de comissionados ao total de habitantes de cada cidade – Santo André tem 712,7 mil moradores. Isso porque o tribunal pressiona por paridade entre o número de postos em comissão com o de efetivos, embora não estabeleça percentual fixo.

“O TCE, por exemplo, fala de paridade. Essa é a lógica. O Beraldo apontou que há entendimento de alguns desembargadores (da Corte) de que a cada 100 mil habitantes (haja) um assessor. No caso de Santo André seriam oito, diminuindo três por gabinete. Temos projeto montado e vamos dialogar com os vereadores. Estamos abertos e tem possibilidade de fazer alterações”, alegou Cicote, ao pontuar que o teor da proposta inicial se concentra em estudo firmado pela FIA (Fundação Instituto de Administração), ligada à USP (Universidade de São Paulo), planejado para entrar em votação no plenário ainda neste ano.

Primeira secretária da mesa, a vereadora Bete Siraque (PT) mencionou que não há concordância, por enquanto, se a medida teria vigência já para esta legislatura. Segundo secretário, Fábio Lopes (PPS) pontuou, por sua vez, que apenas esse procedimento de reduzir assessores “não é suficiente” para equacionar os problemas que a Câmara vem sofrendo desde 2002. “Existe necessidade de ações conjuntas. O MP cita aspecto salarial, questiona funções inexistentes, que precisariam ser extintas, cobra as atribuições dos cargos, exigência de escolaridade.”

A intenção do presidente da Casa é que a discussão sobre a matéria se inicie na próxima semana e, posteriormente, depois de construído um acordo, já seja colocado para apreciação até dezembro. “Ideia é construir consenso. Sabemos que é projeto difícil, polêmico, alguns se sentem atingidos diretamente, mas não dá para negar que no passado houve alguns excessos e agora sobrou no nosso colo para consertar esses questionamentos”, justificou. Cicote concluiu que, a partir de eventual aprovação do projeto, “de forma tranquila, qualquer um dos vereadores poderá ser presidente da Câmara sem questionamento futuro do tribunal”. 




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