Empurrados pela necessidade de suprir a ausência da Polícia Militar e por casos de roubos e assaltos, moradores do Nova Petrópolis, em São Bernardo, decidiram se unir em torno do programa Vizinhança Solidária em uma tentativa de melhorar a segurança. Para tanto, o bairro de classe média e média-alta encravado na região central da cidade, com população aproximada de 22 mil pessoas, boa parte de famílias tradicionais no município, inicia amanhã, a partir das 9h, o processo para consolidar o programa.

A iniciativa foi tomada após montagem de um grupo no WhatsApp e reuniões no Conseg (Conselho de Segurança), realizadas entre representantes das polícias Militar e Civil e a comunidade.

Serão instaladas cerca de 100 placas em postes para informar sobre o programa e 40 sirenes em residências de 14 ruas. Os moradores que optaram por ter um equipamento em casa contribuíram com R$ 58. Além da luz, um aviso sonoro indica que há atitude suspeita na rua e que a polícia foi acionada.

A pedagoga Maria Aparecida de Lima, 63 anos, foi uma das que aderiram. Ela passou por um sequestro há nove anos e foi assaltada há dois, porém, o trauma ainda permanece. “Evito sair à noite, porque sinto que a gente fica mais vulnerável. Pelos relatos que a gente escuta, os crimes acontecem muito por aqui.”

O aposentado Orli Larsen, 61, foi vítima de um roubo à residência anteontem. Segundo ele, o prejuízo ficou entre R$ 15 mil e R$ 20 mil: foram levados duas canetas Montblanc, três pares de tênis, seis relógios e diversas joias.

Ele tinha ido ao médico, por volta das 9h, e retornou às 14h. Logo após abrir o portão percebeu que a porta tinha sido arrombada. “Eu e minha esposa fomos até a sala e percebemos a bagunça. Resolvemos sair e esperar a polícia chegar, o que aconteceu por volta das 15h45. Deixaram (ladrões) todos os eletrônicos e até o meu notebook. Só levaram objetos pequenos mesmo”, disse.

Morador do bairro desde 1989, foi a primeira vez que passou por essa situação, que o levou a registrar boletim de ocorrência. “Espero que essa iniciativa (Vizinhança Solidária) seja positiva.”

O comerciante Walter Resende Filho, 58, coordenador do projeto, começou a frequentar as reuniões do Conseg após a mulher ser assaltada em frente de casa, há dois anos. Desde então, vem buscando informações para a implantação. “Estimamos que o impacto da ação vai chegar a mais de 600 casas do bairro e entorno.”

Bairro registra quatro roubos por mês

Conforme o delegado titular do 1º DP (Centro) Aloízio Pires de Araújo, o bairro Nova Petrópolis registra média de quatro crimes por mês. Segundo ele. os casos são, basicamente, relacionados aos roubos e furtos de residência.

“É uma região de classe média alta, o que acaba chamando atenção da criminalidade. Mas está longe de ficar entre as áreas mais problemáticas, já que atualmente temos mais roubos em comércios.”

Conforme dados da delegacia, somente a Rua Nicola Spinelli, uma das principais do bairro, teve cinco registros de roubos de janeiro a novembro do ano passado. No mesmo período de 2016, foram quatro.

O delegado classificou a ação dos moradores como positiva. Outra ação que está em andamento no bairro é a criação de grupo de WhatsApp, com integrantes da Polícia Civil, para a troca de informações. “Investir em comunicação é importante, tendo em vista que ainda há ocorrências que não são registradas.”

Questionada sobre a criminalidade no bairro, a PM (Polícia Militar) informou que não houve casos de homicídios “e em comparação com o ano passado, houve queda de todos os indicadores (roubos, furtos e roubos e furto de veículos)”, disse em nota.