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Governo negocia com Marcola
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16/05/2006 | 08:36
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O PCC (Primeiro Comando da Capital) determinou o fim das rebeliões nos presídios do Estado e a suspensão dos atentados a quartéis, delegacias policiais, fóruns, agências bancárias e estações do metrô. A ordem foi dada depois de uma longa conversa entre o líder da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, três representantes do governo – um coronel da PM, um delegado e um corregedor – e uma advogada. A Secretaria da Administração Penitenciária nega o acordo, confirmado à reportagem por duas fontes do governo.

A ordem para o fim dos atentados começou a ser propagada segunda-feira de manhã, por telefone celular, menos de 12 horas depois do encontro nas dependências do CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes, onde Marcola está detido desde o fim da tarde de sábado.

Já a determinação para o fim dos motins foi enviada, na mesma noite, por meio de um “salve geral” com o seguinte conteúdo: “Deixamos todos cientes que as faculdades (presídios) que se encontram em nossas mãos estarão se normalizando a partir das 9h de amanhã (terça-feira), desde que nossos irmãos (líderes) já se encontrem em banho de sol em Venceslau”.

Apesar de os líderes do PCC transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau permanecerem trancados nas celas, sem banho de sol, os rebelados obedeceram à determinação e puseram fim à maior rebelião simultânea do país, com adesão de detentos de 73 presídios. Policiais civis que investigam os crimes acreditam que os ataques vão diminuir à medida que os “soldados” forem notificados da nova ordem.

De acordo com um integrante da secretaria, que pediu reserva do nome, a conversa com Marcola ocorreu a pedido da advogada. “Os policiais apenas a acompanharam para saber o que era conversado. Ela não podia falar com ele sozinho”, alegou.

Funcionários da região se revoltaram com a notícia. “Mais uma vez estão negociando com o Marcola. É por isso que o Estado perdeu o controle da situação. Se o governo ceder dessa vez, é melhor entregar a chave do Estado para ele”, avaliaram os servidores.

Godofredo Bittencourt Filho, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações sobre o Crime Organizado), negou que a cúpula da secretaria tenha negociado uma trégua com a liderança do PCC. “Não tem negociação com bandido”, disse.

Versão – Segunda-feira, informações deram conta de possível operação para resgatar Marcola. O comando da PM na região negou ter conhecimento da operação. Segundo um oficial, a penitenciária onde está o líder é praticamente inexpugnável. As muralhas foram projetadas para resistir ao impacto de um tanque de guerra. Numa possível ação com helicóptero, uma tela impede o pouso da aeronave. Além disso, o aparelho ficaria sob a mira dos policiais das quatro guaritas superiores, uma em cada canto. Armados com fuzis e metralhadoras, eles têm 12 posições de disparo em cada um das quatro faces da guarita. Os visores são de vidro à prova de bala.




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