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Cerco a motoboy na capital faz eco no Grande ABC
Por Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
26/10/2005 | 08:06
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Preocupado com os índices de acidentes com motociclistas e influenciado pela regulamentação da categoria na capital, o presidente da Abram (Associação Brasileira de Motociclistas), Lucas Pimentel, vai apresentar um pacote de propostas ao presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, William Dib (PSB), para estabelecer normas de segurança aos motoqueiros e motoboys no Grande ABC.

A associação dos motociclistas participou da elaboração das normas de segurança para a categoria na capital e espelhou no mesmo modelo a proposta ao Grande ABC. Entre os itens estão cursos obrigatórios de direção defensiva (atitude na iminência de acidente) e pilotagem segura (forma recomendada de condução). Também estipula inspeção mecânica nas motos, uso de colete, botas, baú – em vez de mochila –, antena de prevenção ao cerol e mata-cachorro (proteção lateral).

Dib afirmou, por meio de sua assessoria, que vai conhecer detalhes da proposta e que deve levá-la à reunião mensal com os outros seis prefeitos da região. O presidente do Consórcio evitou tecer comentários à proposta antes da reunião com a associação dos motociclistas. Não indicou nem se é a favor da implementação de normas de segurança para a categoria. Dib vai receber o representante da Abram Lucas Pimentel no próximo dia 9, em São Bernardo.

A formulação de regras para a categoria é tida como vital para a sociedade, segundo órgãos como a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). E tem reflexo nos números frios das estatísticas, dentro ou fora das cidades, e também nas tragédias cotidianas presenciadas pelos moradores.

A escalada do número de colisões envolvendo motociclistas é ampla a ponto de ser observada em toda a malha rodoviária do Estado. Subiu 25% nas estradas de São Paulo no ano passado, em comparação a 2003. Essa tendência representa hoje uma das principais preocupações da Ecovias, que administra o sistema Anchieta-Imigrantes. De janeiro a setembro deste ano, em comparação ao mesmo período de 2004, houve aumento de 16% no índice de acidentes com motos nas duas principais rodovias que passam pelo Grande ABC.

Dentro das cidades, a sentença quase sempre se repete. Os registros de acidentes com motociclistas aumentaram em 34% no município de Santo André, de 2003 para 2004. Em Diadema, a Prefeitura afirmou que também subiu o índice das ocorrências com motocicletas, embora não tenha informado números exatos. São Caetano e São Bernardo não têm controle das estatísticas com motos. Apenas Mauá apresentou queda: 64 acidentes com motoqueiros de janeiro a junho de 2004, diante de 56 casos no mesmo período em 2005.

Para a presidente da Comissão de Trânsito da ANTP, Cristina Pazini, o poder público não tem ação para evitar os acidentes com motos, que devem continuar a crescer com o aumento da produção do veículo. Neste ano, os fabricantes nacionais de motocicletas vão atingir a marca recorde de 1,2 milhão de unidades.

Embora as motos representem 17% do total de acidentes nas estradas paulistas e 16,7% da frota de veículos do Brasil, a colisão que envolve motociclistas sai mais cara para a sociedade. “Quase 100% dos acidentes que envolvem motos deixam feridos, e muitos morrem. É proporcionalmente mais grave do que as ocorrências com veículos de passeio. Isso porque a velocidade que a moto desenvolve é incompatível à segurança que oferece”, afirma Cristina Pazini, da ANTP. O custo de cada acidente é medido pela perda de produção econômica, danos à propriedade (veículos, sinalização etc), gastos médicos e hospitalares e outros, como remoção de veículos e atendimento policial.

As prefeituras, questionadas pela reportagem, ainda não têm opiniões definitivas sobre o tema. Santo André e São Caetano fazem estudos e pesquisas. Mauá quer conhecer melhor a proposta da associação dos motociclistas. Em Diadema, “não existe iniciativa de normas de segurança para motociclistas”, como disse o secretário de Transportes, José Francisco Alves.




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