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Bairros mais altos ainda esperam água
Por Angela Martins
Do Diário do Grande ABC
16/02/2012 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Caixas-d'água vazias, baldes espalhados pela casa, roupas, louças e sujeira acumuladas. Oito dias depois do rompimento de adutora no bairro Capiburgo, que deixou 320 mil pessoas sem água, a população dos bairros mais altos de Mauá ainda sofre com o desabastecimento.

A numerosa família da dona de casa Helena de Souza, 46 anos, já não sabe o que fazer para garantir o mínimo de higiene na residência onde 12 pessoas vivem, no Parque das Américas. "A roupa está apodrecendo nos baldes, porque só usamos a água para as necessidades mais básicas. Essa situação beira ao absurdo", critica.

Ontem à tarde, toda família aproveitou a passagem de um caminhão-pipa da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) para encher vasilhames com líquido raro por ali. Até mesmo a matriarca Ambrosina teve de ajudar. Aos 74 anos, carregou o pesado balde para casa.

Perto dali, os netos de Lourdes Almeida de Araújo, 60, tomavam banho em pleno quintal. Juan, 12, Marcela, 10, e a pequena Ana Júlia, 5, pegaram o sabonete e comemoraram a chegada da água que os deixou limpos na tarde quente do verão.

"É revoltante. Pagamos caro e ficamos uma semana sem uma gota, nem para beber. O que nos deixa mais chateados é que no Parque das Américas falta água sempre, independentemente do problema da adutora", revela a dona de casa.

No Jardim Itapark, além da chuva, são os caminhões-pipa que estão salvando a pele dos moradores. Mesmo assim, a água não é suficiente para suprir as necessidades básicas. "Estamos economizando ao máximo, mas a água não dá para lavar a roupa. Tenho um netinho de 5 anos e fico com pena de ver que não temos nem como dar banho direito nele", afirma o porteiro José Bevenuto, 58.

De acordo com a Sama, a normalização do abastecimento, que estava previsto para ontem, não se deu devido ao consumo excessivo por parte da população onde a água chegou. "Essa atitude retardou a chegada da água nos pontos mais altos", diz a nota oficial da empresa. Ainda existe dificuldade de abastecimento em parte do Parque das Américas, Jardim Zaíra, Itapark, Parque São Vicente, Guapituba e Primavera.

Os caminhões-pipa foram direcionados para as regiões citadas. A previsão é de que hoje os 43 veículos continuem circulando pelos bairros afetados. O restabelecimento completo está previsto para hoje.

Caminhão-pipa atropela mulher no Zaíra

O motorista de um caminhão-pipa de empresa terceirizada que estava a serviço da Sama perdeu o controle e atropelou uma mulher no Jardim Zaíra, em Mauá, no início da tarde de ontem.

Rosimeire da Silva, 39 anos, estava sentada na calçada da Rua Francisco D'Aoglio, com a filha Natalie no colo quando o veículo carregado com 10 mil litros de água a atropelou. Segundos antes, Rosimeire conseguiu jogar a criança nos braços do filho mais velho, que estava ao seu lado.

Somente ela foi atingida. Levada ao Hospital Nardini, Rosimeire passou por exame de raio X e não foi constatada nenhuma fratura. Apenas sofreu escoriações na perna e braço e ficou internada para observação.

De acordo com o cunhado da vítima, Francisco Horácio da Silva, 26, Rosimeire é mãe de quatro crianças e atualmente mora com o marido e os filhos em um abrigo. "Eles tinham um barraco no Jardim Zaíra 4, mas tiveram de sair por ser local de risco. Há uma semana a família está vivendo em um abrigo da Prefeitura. Graças a Deus não foi nada grave", descreve.

ATROPELAMENTO

Segundo o motorista do caminhão-pipa da empresa Transporte de Água Chicão, sediada em Diadema, Valdir Evaristo, 37, o volante travou assim que ele fez a curva para descer a Rua Francisco D'Aoglio. "Como ele estava carregado, tentei frear, mas não consegui. Estou muito chateado, é uma situação horrível. Não consigo deixar de pensar na mulher e na criança", lamenta.

Os moradores da rua também ficaram chocados com o acidente. "Ela veio para me visitar, pedir ajuda sobre sua situação, que não está fácil. Praticamente foi atropelada na minha frente", conta a comerciante Maria José de Lima Lins, 59.

O segurança Arnaldo Pereira, 53, revela que o local é palco de diversos acidentes. "Os caminhões e ônibus descem a rua muito rápido. Já vimos muitos atropelamentos", critica.




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