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Praia com arrasta-pé
Por Christiane Ferreira
Do Diário do Grande ABC
18/08/2011 | 07:00
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Mar quentinho e praias de tirar o fôlego, forró, frutos do mar, bom humor, adrenalina, rendas... Não faltam atributos para colocar Fortaleza como um dos mais bonitos destinos do Nordeste brasileiro.

E não é à toa que se auto-intitula A capital da alegria. O Estado, que abriga humoristas de nascimento como Tom Cavalcante, Chico Anysio, Didi Mocó, Falcão, faz questão de receber os turistas de braços abertos e, claro, com um sorriso no rosto.

Na cidade onde o verão dura o ano inteiro - com temperatura média de 27ºC, as praias são grandes atrativos. A do Futuro é uma das mais conhecidas. Lá o banho de mar está liberado, pois a água não é poluída. Praia larga, com orla reta e muito vento, abriga várias barracas muito bem equipadas, que servem desde caranguejo (não saia de Fortaleza sem apreciar alguns) e o tradicional pargo assado no sal grosso.

A praia de Mucuripe é ótima para observar as jangadas que trazem peixes fresquinhos ao mercado à beira-mar. É lá que está localizada a estátua de Iracema, construída para homenagear um dos seus mais ilustres conterrâneos, o escritor José de Alencar. O romance de Iracema conta, de forma poética, o amor quase impossível entre um branco, Martim Soares Moreno, pela bela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna.

A de Meireles é ponto de encontro durante o dia para caminhar no calçadão. À noite, é a vez de conhecer a feirinha de artesanato com 3,5 quilômetros de extensão. A de Iracema é repleta de bares e casas noturnas, além de possuir um píer muito procurado para ver o pôr do sol.

 

CULTURA E ARTE

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura é um ótimo passeio para um fim de tarde. O complexo abriga museus como o Memorial de Cultura Cearense e o Museu de Arte Contemporânea do Ceará.

Construído entre 1908 e 1910, com estrutura metálica importada da Escócia, o Theatro José de Alencar é o mais importante marco arquitetônico da capital cearense. Com vitrais art nouveau, tem jardim lateral projetado pelo paisagista Burle Marx. O palco, móvel, se desloca para a frente, para cima e para baixo. Cada camarote tem o nome de uma obra do escritor, homenageado também por uma pintura do artista cearense João Vicente no arco do palco.

Já o Museu do Ceará conta com cerca de 7.000 peças, incluindo o acervo do padre Cícero e textos originais do poeta Patativa do Assaré.

Rendas, rendas e mais rendas. Fortaleza é famosa pela variedade delas, que vão desde a renascença, passando pela labirinto até a de filé. Introduzida pelos portugueses, a de bilro é um bordado que não se usa agulhas. Impossível não se deixar hipnotizar pela destreza das mãos das rendeiras, que habilmente vão construindo belíssimas peças. É também improvável não voltar com a mala mais pesada carregada de tanta arte.

Em Maranguape, a 30 quilômetros de Fortaleza, os amantes da branquinha vão se deliciar no Museu da Cachaça, que conta com um vasto acervo de documentos, fotos, garrafas e tonéis de bálsamo. Em meio à paisagem serrana, o local mantém curiosidades como o maior tonel de madeira do mundo, com capacidade para 374 mil litros (registrado no Livro dos Recordes, e um parque com área para esportes radicais.

 

Memórias do pai de Iracema

 

A Viuvinha, O Guarani, Lucíola, Iracema, Senhora. Essas e outras relíquias só remetem a um único nome da literatura brasileira: José de Alencar. E é ele o homenageado na casa que leva seu nome, situada em Sítio Alagadiço Novo, no bairro Messejana.

Com a frase Divas, senhoras e sertanejos, sejam todos bem-vindos o visitante vai se deparar com um espaço verde que respira tranquilidade e cultura, bem no meio da movimentada Avenida Washington Soares.

Em 1825 o local foi adquirido pelo padre José Martiniano de Alencar, pai do escritor cearense José de Alencar. Durante nove anos o espaço serviu de moradia para um dos principais nomes da literatura nacional, cuja obra foi fortemente influenciada pelas belezas naturais do Estado do Ceará.

Em 1965, durante a gestão do reitor Antonio Martins Filho, a Universidade Federal do Ceará adquiriu o sítio e o manteve até hoje. Passeando pelos espaços, o visitante pode aprender sobre a obra do escritor, ver a história do livro CF51Iracema/CF contada por imagens e saber mais sobre escravidão e cultos afro-brasileiros.

Construído no século 18, o local tem, além da simples casinha que mantém seu desenho original, uma biblioteca, a pinacoteca, um restaurante, ruínas históricas e museus. Dentre o acervo é possível ver a coleção Arthur Ramos, composta por fetiches, atabaques, trabalhos de feitiçaria e outros itens que se referem às manifestações religiosas afro-brasileiras, como a macumba e o candomblé, incluindo peças africanas de grande valor etnográfico, bem como outras relacionadas com a escravidão no Brasil.

Há ainda a coleção de Renda Luiza Ramos e, na pinacoteca Floriano Teixeira, 32 quadros - telas a óleo e desenhos - do pintor maranhense, que retratam personagens da obra romanesca de José de Alencar, como Iracema e Martim, Peri, Lúcia, Aurélia, Arnaldo, Emília.

Além de ter visitação gratuita, a Casa José de Alencar conta com monitores que se distribuem em dois turnos e acompanham os visitantes, fazendo explanações sobre o acervo e os espaços.




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