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Tata Amaral em dose dupla
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
15/08/2005 | 08:04
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O cinema vai falar. A notícia pode não ser tão chocante quanto em 1927, ano em que a imagem e o som se entenderam e extinguiram o cinema mudo com o advento das novidades tecnológicas do filme O Cantor de Jazz. Se não é impactante, é ao menos importante a expressão verbal do cinema brasileiro, do modo como a propõe o Sesi com o projeto Cinema Falado. A partir desta segunda-feira, na unidade mauaense do Serviço Social da Indústria, será ministrada uma série de quatro palestras com cineastas brasileiros, com um propósito bem claro: a boa e velha "formação de público". Para a estréia, às 21h desta noite e com entrada franca, Tata Amaral.

O Cinema Falado é uma extensão do Cinema Paulista do Século XXI, projeto em cartaz no Sesi desde junho e que, em nove semanas, levou 16.793 espectadores às 11 unidades participantes. "É um projeto que veio para ficar", afirma Taís Tanira Rodrigues, analista de projetos culturais do Sesi. A opção pelo cinema paulista nessa primeira etapa é menos curatorial que logística: o projeto deriva de uma parceria entre o Sesi e o Sicesp (Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo).

Nesta segunda-feira, Tata Amaral falará depois de duas sessões gratuitas, às 15h e às 19h30, de seu Através da Janela (2000). "Como estamos iniciando o projeto agora, preferimos retroceder aos filmes produzidos no início deste século, senão chegaríamos rápido demais aos filmes produzidos em 2004 e 2005 e o projeto teria vida curta", explica Taís.

Os palestrantes, no entanto, não estarão encarcerados ao filme exibido para preencher o colóquio. "Eles (os palestrantes) deverão falar um pouco mais sobre o processo de fazer um filme no país. Um panorama dessa fórmula nacional de leis de incentivo, das agendas exíguas de filmagens, das dificuldades com o clima, com os cachês, com os atores...", prevê a analista cultural do Sesi. Portanto, ninguém mais adequado que Tata para versar, já que a cineasta está em fase de finalização de Antônia, seu terceiro longa-metragem, desta vez sobre um grupo de quatro rappers que enfrentam as desatenções do mercado fonográfico e da ala masculina. No elenco, Negra Li, Sandra de Sá, Thobias da Vai-Vai e Thaíde.

Na seqüência do Cinema Falado, só gente grande do cinema paulista. Eliane Caffé comparece no dia 22, associada à exibição de Kenoma (1998). A conversa deve estender-se até Andar às Vozes, filme em pré-produção que a cineasta desenvolve neste instante com o roteirista Luís Alberto de Abreu, seu parceiro de toda hora, tanto em Kenoma como em Narradores de Javé (2004).

Em setembro, uma nova rodada de bate-papos. Desembarca em Mauá no dia 12 do próximo mês Luiz Villaça, diretor das comédias Por Trás do Pano (1999) e Cristina Quer Casar (2003), para falar deste último. E na semana seguinte, precisamente no dia 19, chega a vez de Alain Fresnot, incumbido de analisar o drama histórico Desmundo (2004) e detalhar a atual fase de pré-produção da comédia Xique no Úrtimo, uma crônica sobre a comunicação de massa e sua manifestação mais extrema, o universo brega na TV e na música. O cinema paulista não vai só falar no Sesi Mauá; ao que tudo indica, vai tagarelar.

Cinema Falado – Série de palestras com cineastas brasileiros. No Sesi Mauá – av. presidente Castelo Branco, 255, Jardim Zaíra, Mauá. Tel.: 4514-2555. Abertura: nesta segunda-feira, às 21h, com Tata Amaral. Programação (sempre às 21h): Eliane Caffé, dia 22; Luiz Villaça, 12 de setembro; Alain Fresnot, 19 de setembro. Entrada franca.




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