Economia Titulo São Bernardo
Omnisys inaugura fábrica de sonares em S.Bernardo

Investimento aplicado por grupo francês foi de
R$ 15 mi; equipamentos serão exportados em 2020

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
30/01/2016 | 07:26
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Divulgação


A Omnisys, subsidiária brasileira do grupo Thales, da França, inaugurou ontem em São Bernardo o Centro de Excelência em Sonares. Com investimento de R$ 15 milhões, o espaço permitirá a transferência de tecnologia estrangeira para o desenvolvimento do equipamento no Brasil. Quando a produção estiver em pleno funcionamento – o que deve ocorrer a partir de 2020 –, cerca de 300 trabalhadores, entre engenheiros, técnicos e montadores, deverão ser envolvidos no projeto.

Os sonares são utilizados em embarcações – navios de superfície e submarinos – e funcionam de maneira semelhante aos radares. Entretanto, utilizam sinais sonoros, e não ondas eletromagnéticas, já que essas têm alcance enfraquecido embaixo da água. A aplicação é destinada a detecção de alvos e obstáculos, medição de profundidade e comunicação submarina. A indústria de São Bernardo é a primeira da América Latina a desenvolver um centro de excelência em sonares.

O vice-presidente da Thales para a América Latina, Ruben Lazo, explica que o aporte de R$ 15 milhões inclui aquisição de maquinário, reestruturação da área física da fábrica e preparação de pessoal. Cerca de 40 profissionais passaram por treinamento ministrado no Instituto de Engenharia Mauá, cuja sede fica em São Caetano. Outro grupo de funcionários foi enviado à França para receber capacitação específica.

A previsão é de que a instalação dos materiais seja concluída até abril. A partir daí, a empresa irá solicitar as certificações necessárias para exercer a atividade, que são emitidas por órgãos ligados ao Ministério da Defesa. Lazo estima que os trâmites burocráticos sejam concluídos até dezembro, possibilitando o início da produção. Nos primeiros anos de funcionamento do centro de excelência, serão fabricados somente os transdutores, que são dispositivos que transformam a energia gerada pelas ondas sonoras em sinais elétricos. A projeção é de que os primeiros sonares completos feitos em São Bernardo estejam prontos para exportação a partir de 2020. Em torno de 60% do equipamento será feito com peças fabricadas no Brasil. Já o transdutor será 100% nacional.

“Nosso objetivo é preparar a empresa para o próximo ciclo positivo da América Latina, região que consideramos como de bom potencial comprador”, comenta Lazo. O executivo salienta a necessidade de o Brasil investir em tecnologia de Defesa, já que o País tem pouco mais de 7.400 quilômetros de costa e controla área marítima de aproximadamente 4 milhões de quilômetros quadrados. “A Thales também quer ser a grande fornecedora da Marinha brasileira”, diz. A empresa é uma das principais fabricantes de sonares no mundo e já instalou mais de 500 equipamentos do tipo em cerca de 50 países.

AJUSTE FISCAL - A secretária de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Perpétua Almeida, garantiu que os planos de investimento da Pasta serão mantidos, mesmo com o contingenciamento de verbas federais em razão da crise econômica. “Estamos acompanhando a programação da Marinha, da Força Aérea e do Exército, e nossa grande preocupação neste momento de problemas na economia global e do Brasil é fazer com que nossos projetos tenham continuidade, mesmo que com os prazos alongados.” Ela elogiou a atuação de autoridades políticas e empresariais do Grande ABC para que a região seja consolidada como polo da indústria de Defesa.


Marinho destaca parcerias com as Forças Armadas

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), destacou a parceria entre a iniciativa privada e as Forças Armadas para o desenvolvimento da indústria de Defesa na região. Além da abertura de centro de excelência para desenvolvimento de sonares que poderão ser utilizados pela Marinha, a cidade vai abrigar fábrica que produzirá partes estruturais dos caças Gripen NG, da multinacional sueca Saab. As aeronaves – 36, ao todo, sendo 15 feitas no Brasil – serão utilizadas pela FAB (Força Aérea Brasileira).

“Temos atuado firmemente para transformar nossa cidade em polo de Defesa. Nesse sentido, participamos ativamente do processo de escolha dos caças”, comenta Marinho. Antes da definição pela compra dos modelos Gripen NG, o governo avaliava outras duas alternativas: o F-18, fabricado pela Boeing, nos Estados Unidos, e o Rafale FX-2, da francesa Dassault.

Para o prefeito, a instalação do centro de excelência da Omnisys inaugurado ontem é importante pela geração de empregos na cadeia e pela “interação do conhecimento”, e por reforçar o “perfil industrial da cidade”. No fim do ano passado, a empresa investiu US$ 5 milhões para ampliar a tecnologia da produção de radares para uso aeronáutico. “Estão acreditando no Brasil e no Grande ABC”, avalia o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Hitoshi Hyodo.
 




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