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Onde está a honestidade?

Só política, só bandidagem, só ladroeira. Parece que todas as páginas dos jornais foram destinadas ao noticiário do crime – ora é crime a mão armada, ora é crime por propina dada, ora é crime de verba desviada, ora é crime cometido por amigos do peito, ao lado dele, e ele não sabia de nada

Por Do Diário do Grande ABC
24/01/2016 | 07:00
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Só política, só bandidagem, só ladroeira. Parece que todas as páginas dos jornais foram destinadas ao noticiário do crime – ora é crime a mão armada, ora é crime por propina dada, ora é crime de verba desviada, ora é crime cometido por amigos do peito, ao lado dele, e ele não sabia de nada. Nada como um assunto mais leve – música, por exemplo. Um bom disco de Noel – ele compôs (em parceria com Francisco Alves), ele mesmo canta (https://youtu.be/5F6gfazcwAc). Noel Rosa, lembremos, era o Chico Buarque da época – uma quase unanimidade.

O samba é um clássico: Onde está a honestidade? Que bela letra!
“Você tem palacete reluzente/ Tem joias e criados à vontade/ Sem ter nenhuma herança nem parente/ Só anda de automóvel na cidade/ E o povo já pergunta com maldade/ Onde está a honestidade?/ Onde está a honestidade?”

Mais: “O seu dinheiro nasce de repente/ E embora não se saiba se é verdade/ Você acha nas ruas diariamente/ Anéis, dinheiro e até felicidade/ E o povo já pergunta com maldade/ Onde está a honestidade?/ Onde está a honestidade?”

Não, nada que se refira à disputa para ver quem é a viva alma mais honesta do país. É um samba antigo, gravado em 1934. Nada a ver, como se nota (nota? Evitemos o duplo sentido: “como se percebe”, que tal?), com pixulecos, mochilas e malinhas com alta capacidade de carga, até R$ 500 mil cada uma (na época, a moeda nem era o real: era ainda o mil-réis). Tudo bem, sempre alguém vai achar que o velho samba, tão eterno, se refere a fatos atuais. Até pode parecer, né?

Noel, o poeta de sempre
Noel vale mais lembranças. Veja, de Fita Amarela, este verso: “Se existe alma, se há outra encarnação/ eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão”. Ou este, de Último Desejo, que evoca a virtude do silêncio, do calar e não lembrar, em certas situações: “Perto de você me calo, tudo penso e nada falo”.

Lula e o Japonês
No encontro com jornalistas amigos, na quarta, Lula disse que o governo petista “criou mecanismos para que nada fosse jogado em baixo do tapete”. Esta posição não coincide com a da Polícia Federal. No fim do ano, uma circular na intranet da Federal informou que não havia verba nem para combustível. Houve cortes de luz, por atraso no pagamento. O repórter Cláudio Tognolli, sempre preciso (https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/?nf=1), noticia há meses os problemas da PF com o governo. Agora a coisa explodiu: na quinta, as quatro maiores associações da PF se reuniram (fato inédito) e decidiram agir. Luís Boudens, presidente eleito da Federação Nacional dos Policiais Federais, informa que os delegados pensam em entregar seus cargos de confiança”.

Em quem acreditar: no ex-presidente Lula ou nos companheiros do Japonês?

Os pixulecos paulistas
Em São Paulo quem está na ofensiva é a Polícia Civil, com apoio do Ministério Público Estadual: três dos interrogados na Operação Alba Branca, que investiga a compra de alimentos para a merenda, acusaram o presidente da Assembléia, Fernando Capez, do PSDB, e um ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Alckmin, Luiz Roberto Moita dos Santos, de cobrar propinas de 25%. Ambos rejeitam a acusação. Mas a investigação continua. A propina, segundo os acusadores, era paga em dinheiro, em postos de combustível à beira das estradas.

Chuchus falantes
Por falar em governo paulista, tucanaram as bombas de gás lacrimogêneo e as balas de borracha. No boletim sobre a manifestação do Movimento Passe Livre, na quinta, a Secretaria de Segurança Pública de Geraldo Alckmin diz: “(...) os manifestantes tentaram mais uma vez furar o bloqueio (...). A PM então dispersou o ato. Foi necessário o uso de munição química e tiros de elastômero”.

Guerrilha urbana...
A propósito, qual o objetivo do Movimento Passe Livre, que se declara favorável à gratuidade do transporte urbano? O MPL, com forte participação do PCB, o Partido Comunista Brasileiro, declarou seu objetivo com as sucessivas manifestações em horários de pico no trânsito: “É provocar as estruturas do capitalismo!, diz Vitor dos Santos Quintiliano, um dos porta-vozes do grupo. “A gente parte muito da linha de que uma manifestação que trava a circulação da cidade trava a circulação de mercadoria. A gente provoca justamente as pessoas que se dão bem com nosso sufoco, essa corja de empresários, poucos e muito ricos”.

...e errada

Talvez Quintiliano não saiba, mas mercadoria, numa cidade grande, é transportada fora dos horários de pico de trânsito. Nos horários em que o MPL trava o trânsito, quem fica bloqueado é quem quer voltar para casa depois do trabalho.

Defesa nacional
Na quarta, às 11h, no comando do 8º Distrito Naval, em São Paulo, tomam posse a Diretoria e o Conselho Fiscal da Associação Brasileira da Indústria de Material de Defesa, Abimde. O novo presidente será Carlos Frederico Queiroz de Aguiar, com o objetivo de fortalecer o relacionamento das indústrias de Defesa com o governo e buscar a conquista de novos mercados externos. 




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