O documentário, de autoria da jornalista Marie-Monique Robin e intitulado ‘Esquadrões da morte, a escola francesa’, foi divulgado no dia 1º pelo canal de televisão francês Canal+. A reportagem assegurou que militares franceses transmitiram a seus colegas argentinos os métodos de tortura utilizados na guerra da Argélia.

"As alegações apresentadas em uma recente reportagem transmitida pela televisão estão baseadas principalmente em depoimentos de indivíduos que tiveram uma responsabilidade direta em graves violações dos direitos humanos e que foram condenados ou processados pela justiça", declarou o porta-voz da Chancelaria, Hervé Ladsous.

O porta-voz questionou os depoimentos. "Fosse qual fosse o comportamento pessoal de tal ou qual cidadão francês, principalmente de militantes pertencentes a organizações extremistas, a atitude da França em relação às ditaduras latino-americanas sempre foi clara", declarou Ladsous à imprensa.

"Mas além da condenação dos golpes de Estado e dos regimes repressivos, esta atitude é atestada por fatos: milhares de opositores, cuja vida estava ameaçada, se refugiaram em nossas representações diplomáticas e em nosso solo", lembrou. "A acolhida em massa de exilados chilenos em nosso país constitui, a respeito, uma concreta ilustração do compromisso das autoridades francesas com os direitos humanos e a democracia".

Repercussão - Depois da difusão da reportagem pela televisão, o deputado ecologista e ex-candidato à Presidência Noel Mamere pediu à criação de uma comissão de inquérito sobre o apoio da França "aos regimes militares da América Latina entre 1973 e 198".

Em sua proposta, assinada por outros dois deputados ecologistas, Mamere pede que se analise "a realidade das alegações sobre o papel dos militares franceses na América Latina" e que "se esclareça a responsabilidade das autoridades francesas". O deputado também pede que se "estude o papel do Ministério da Defesa e especialmente os acordos de cooperação militar entre França, Chile, Brasil e Argentina entre 1973 e 1984".