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Sharon vai aos EUA em busca de apoio para plano de separação
Da AFP
10/04/2004 | 14:04
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As dificuldades enfrentadas pelos americanos no Iraque preocupam os dirigentes israelenses, que contam com a viagem do primeiro-ministro, Ariel Sharon, a Washington, na próxima semana, para conseguir o apoio de George W. Bush ao seu plano de separação entre Israel e palestinos.

Sharon conta com o apoio do presidente Bush para ganhar o arriscado referendo sobre o plano de separação, consulta que se realizará no final de abril. O encontro entre Bush e Sharon, na Casa Branca, está previsto para quarta-feira. O premiê israelense deve partir de Israel rumo a Washington no fim da noite de segunda-feira, ao final da semana pascal judaica, informou seu gabinete.

Segundo a rádio pública israelense, Dov Weisglass, chefe de gabinete israelense, Shalom Torjman, conselheiro político de Sharon, e o general da reserva, Giora Eiland, diretor do Conselho Nacional de Segurança, encarregado de pôr em andamento o plano de separação, já estão nos Estados Unidos acertando os últimos detalhes para a reunião.

Apesar de o contexto do encontro ser complicado, devido ao agravamento da situação no Iraque, Israel trabalha para convencer seu principal aliado de que seu plano de separação unilateral, longe de marcar o fim no "mapa do caminho", o último plano de paz internacional, patrocinado pelos Estados Unidos é, ao contrário, a oportunidade de uma "mudança histórica" para a região.

"Todos os funcionários da administração americana com quem conversei, inclusive o vice-presidente (Dick Cheney), chamaram-no (o plano de separação) de um passo histórico", disse nesta sexta-feira o ministro da Defesa, Shaul Mofaz, ao jornal israelense Yediot Aharonot.

Na entrevista, Mofaz se mostrou preocupado com as conseqüências nefastas para a região de uma eventual evacuação das tropas americanas do Iraque "sob a pressão do terrorismo", ao mesmo tempo em que disse "cruzar os dedos" por uma vitória americana no Iraque.

"Frente ao que ocorre no Iraque, os americanos ganhariam ao fazer valer que algo positivo acontece no Oriente Médio", disse à rádio pública o general da reserva, Oren Shahor, ex-colaborador das atividades israelenses nos territórios palestinos, em alusão ao plano de separação.

O general Shahor se disse igualmente preocupado com as conseqüências para Israel de uma derrota americana no Iraque. "O que acontece no Iraque é simplesmente alucinante (...) e o presidente Bush corre o risco de pagar caro", declarou à rádio israelense o orientalista Yossi Olmert. "Como se pode entender que, debaixo do nariz de 150 mil soldados americanos (...) tenha aparecido uma milícia de milhares de homens, cuja existência era ignorada?", questionou.

Segundo a rádio, Sharon deseja arrancar de Washington um compromisso para apoiar seu plano de separação. Esse plano prevê a evacuação da Faixa de Gaza, de algumas colônias isoladas ao norte da Cisjordânia e a retirada das tropas israelenses mais ou menos sobre o polêmico traçado da barreira de separação construída na Cisjordânia e que abrange os principais blocos de colônias judaicas.

Uma vez conseguido este apoio, Sharon deve submeter o plano a referendo, no final de abril, junto aos 200 mil membros do Likud, seu partido. A consulta estava prevista para o mês de maio, mas Sharon decidiu se adiantar aos adversários e antecipou a data.

Ainda segundo a rádio, caso o plano saia vitorioso, Sharon deve submetê-lo ao gabinete em 2 de maio e, no dia seguinte, à Knesset (Parlamento israelense), na abertura da sessão de verão.




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