A Prefeitura de São Caetano ignorou indícios de irregularidades e deu sequência à licitação de contratação de empresa especializada para prestar serviços de publicidade por prazo mínimo de 12 meses. Tanto que marcou para segunda-feira primeira reunião da subcomissão julgadora das propostas técnicas das cinco concorrentes que efetivaram interesse no contrato, que pode chegar a R$ 33,6 milhões se for prorrogado por cinco anos.

Há suspeita de favorecimento à Sotaque Brasil, empresa que presta serviços ao governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), desde 2010 e que cuidou da campanha do prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) em 2012. O edital, inclusive, possibilita que a concorrente que oferecer maior valor dos honorários (comissão) leve vantagem na nota final do quesito preço, ferindo o princípio constitucional da economicidade.

Depois de amanhã, os servidores Aline Coppini, Larissa Paiva (as duas de São Caetano) e José Roberto Rodrigues de Pontes (indicado por Mauá) se encontram pela manhã para começar a avaliar itens encaminhados pelas empresas Sotaque Brasil, Paz Publicidade e Marketing, Octopus, Aria Publicidade e Marketing (de Minas Gerais) e CIN Comunicação Integrada (de São Caetano). Nesta etapa serão averiguados critérios técnicos presentes no edital, como portfólio e prévias de campanhas para a administração são-caetanense.

Os trabalhos devem durar alguns dias, estima o departamento de licitações, responsável pela condução do processo. Passada essa fase, empresas habilitadas apresentam as propostas financeiras. Ontem, chegaram ao Palácio da Cerâmica envelopes com os pedidos para a etapa técnica da concorrência pública.

Indícios de irregularidades vieram a público quando o Diário mostrou que a secretária adjunta de Comunicação de São Bernardo, Gabriela Rocha, havia sido designada pela gestão Marinho a integrar a subcomissão julgadora da parte técnica da licitação de São Caetano.

Ela participou, por indicação, do edital da publicidade do Consórcio Intermunicipal. A concorrência foi vencida pela Sotaque Brasil, por R$ 9 milhões ao ano. Gabriela foi retirada do processo licitatório de São Caetano depois de reportagens do Diário.