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Vida longa ao vinil

Tradicional feira de discos de Santo
André celebra uma década de atividades

Por Vinícius Castelli
13/12/2014 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Uma coisa é certa. Quem pega gosto pelo disco de vinil não larga mais. Alguns até pensaram que ele sairia de cena, principalmente com a baixa que teve nos anos 1990, mas a verdade é que o LP segue vivo e, o mais importante, ganhando força. Tanto que voltou a ser produzido, inclusive no Brasil. E prova desta resistência, que faz com que ele não deixe de existir, é a Feira Livre do Vinil. O evento completa dez anos de existência. Realizada em Santo André, uma vez ao mês e com entrada gratuita, a feira tem como endereço hoje a Galeria Studio Center (Rua Campos Sales, 58/64). A última edição do ano acontece hoje, das 9h às 17h30.

Cesar Guisser, um dos organizadores da feira, tarefa que divide com Pedro Marcos Provazzi, conta que a principal ideia, no início, era facilitar para os colecionadores da região, pois eles precisavam ir a outras cidades, principalmente ao Centro de São Paulo para garimpar discos.

No total, cerca de 500 visitantes se esbaldam em cada edição no material que os 30 expositores montam em seus estandes. Os gêneros são dos mais variados, passando da MPB pela bossa nova, samba e jazz. Mas o principal é o rock, com suas vertentes. Guisser conta que o público tem entre 30 e 50 anos, mas que tem percebido a presença de jovens também em busca das ‘bolachonas’.

Os preços também são os dos mais variados. A média de é R$ 35. Alguns títulos, principalmente da música brasileira, podem ser encontrados por R$ 10. Mas também há as raridades e essas custam caro. De acordo com Guisser, títulos como a edição original de Paêbirú, de Zé Ramalho e Lula Cortês, pode chegar a R$ 4.000.

Fã incondicional das bandas Kiss e Rolling Stones, o andreense Vladimir Ribeiro é frequentador assíduo da feira e vai desde a primeira edição. O colecionador conta que foi na feira de Santo André que conseguiu completar sua coleção dos Rolling Stones. “Na época me faltava o Now!. Foi lá também que consegui a edição com capa em 3D do disco Their Satanic Majestic Request, também dos Rolling Stones.”

O amor de Ribeiro pela arte do LP só cresceu e hoje ele tem até ritual. “Há todo um cuidado e carinho quando se compra um item novo, como trocar os plásticos, lavar o disco, arrumar a capa, se precisar, entre outros cuidados”, explica o fã, que não deixa de frisar que as capas dos álbuns em vinil “são obras de arte”, uma vez que no CD não é possível observar os detalhes por conta do tamanho.

Enquanto Ribeiro pensa no próximo título que poderá encontrar na feira, Guisser quer vê-la ganhando força e mais frequentadores. É possível saber mais do evento na internet, em sua página no Facebook (feiralivredovinil).

Região conta com lojas tradicionais

O Grande ABC é o lugar certo para quem é fã de LP. Além da Feira Livre do Vinil e de algumas bancas especializadas espalhadas por Santo André, como a Ipiranguinha Discos, duas lojas se destacam no mercado.

Uma delas, a Metal Music (Rua Dona Elisa Flaquer, 184), em Santo André, tem 30 anos de história. Tudo começou com Jean Gantinis, que hoje conta com a ajuda dos filhos, Jimi e Lian, ambos apaixonados por música como o pai. A outra, em São Caetano, é a Rick and Roll Discos (Av. Conde Francisco Matarazzo 85 – Loja 5), de propriedade do Rick e que já soma 27 anos de estrada. Ambos os lugares já se tornaram ponto de encontro de fãs de música da região.

Gantinis conta que a Metal recebe, hoje, principalmente adolescentes em busca de LPs, e que os que mais vendem são rock clássico e heavy metal. Na loja de Rick não é diferente. LP nacional, importado, relançamento, original de época, seja como for, eles não medirão esforços para satisfazer o cliente.

A média de preço é de R$ 40, mas é possível encontrar coisas mais caras, como os discos que têm sido feitos em gramatura 180.

Gantinis conta que o segredo para manter a loja abastecida com LPs é “pesquisar e não parar de comprar”. Para Rick, discos são peças únicas. “Sempre me mantenho atento e procuro ampliar o estoque comprando e trocando discos de fontes variadas”. Para Rick, o futuro do vinil reserva surpresas. “Não me espantaria em ver novas lojas de discos surgindo na região. O cenário cultural independente está forte e não acho impossível que novas gravadoras voltem a prensar LPs”, diz. Seja em qual loja for, os dois lugares são de gente apaixonada por LP e que está sempre disposta a ajudar os iniciantes, desde explicar a como tocar um disco até como limpá-lo e guardá-lo.




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