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Famílias ocupam terreno em Sto.André em busca de moradia

Área pública, às margens do Ribeirão dos Meninos, no Jardim Bom Pastor, concentra 20 barracos feitos de lonas e tábuas

Bianca Barbosa
Especial para o Diário
19/06/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Área pública localizada ao lado do Ribeirão dos Meninos, na altura do número 700 da Avenida Bom Pastor, no Jardim Bom Pastor, em Santo André, foi ocupada por cerca de 55 famílias. Crianças e mulheres, inclusive três grávidas, são maioria no movimento, iniciado no fim de semana. Os moradores destacam que a invasão é independente e tem o objetivo de reivindicar moradia. Muitos dos ocupantes destacam estar desempregados e sem assistência social capaz de proporcionar ajuda financeira para pagar aluguel.

Entre tábuas, plásticos e lonas, moradores construíram 20 barracos. O grupo possui área improvisada para cozinhar, barracas e alguns colchões para as crianças dormirem. Nada protege das intempéries, como a observada na região devido a frente fria. “A mãe me cobriu bem forte”, diz Gabriel, 6 anos. Em meio às dificuldades visíveis, Inaiara dos Santos, 13, pelo menos continua frequentando as aulas diariamente. “Não pode faltar. Tem de estudar para ser gente. Morava com a minha família numa casa alugada, mas ficou muito caro e tivemos de sair”, lamenta a menina.

Próximo ao portão do acampamento, quatro crianças dormiam tranquilamente na manhã de ontem. São a família da doméstica aposentada Francisca Pereira, 46. Ela passou a viver na área com os cinco filhos e uma neta. “Antes de vir para cá, fui atrás de aluguel-social, Bolsa Família, de tudo. Não me ajudaram com nada. Estamos todas desempregadas, soubemos daqui e não teve outro jeito. A gente só quer um lugar para morar”, relata a matriarca.

A filha mais velha de Francisca, Renata Aparecida Toledo, 30, é vendedora aposentada e está com 7 meses de gestação. “Se a gente pudesse escolher, não estaria aqui. Mas eu preciso de um teto para o bebê que vai nascer”, diz. A irmã, Luíza Aparecida, 19, é mãe de uma menina de 1 ano e 2 meses, e veio morar na invasão com a mãe também por falta de opção. “O pai dela não está nem aí para a gente, essa é a verdade. O governo também não”, ressalta.

Um dos líderes da invasão, Arnaldo Andrade de Oliveira, 38, ex-funcionário de uma instituição beneficente, foi despedido há pouco tempo. “Esse é um terreno abandonado da Prefeitura. Ninguém mexia aqui. Agora estão inventando de reapropriar o lugar, mas daqui a gente não sai”, garante.

A Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária da cidade informou que requereu à Procuradoria do Município a propositura de uma ação de reintegração de posse. Além disso, líderes da ocupação se comprometeram a apresentar lista das famílias para que seja feita análise social delas.




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