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70% dos idosos têm algum grau de surdez
Cristiane Bomfim
Do Diário do Grande ABC
11/11/2006 | 19:06
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Dentro de uma pequena cabine acusticamente tratada, Maria Isabel Ávila da Cunha, de 66 anos, responde aos sinais transmitidos através do fone de ouvido pela fonoaudióloga Juliana Popescu. Do lado de fora, o casal Nair Conceição Lopes Buci, 58, e Osvaldo Buci, 61, aguarda em uma pequena fila, o atendimento para também fazer o exame audiométrico que avalia o grau de deficiência auditiva de uma pessoa.

A avaliação auditiva aconteceu sexta-feira no Hospital Márcia Braido, em São Caetano, e fez parte da terceira edição da Campanha Nacional de Saúde Auditiva, promovida pela SBO (Sociedade Brasileira de Otologia). No Grande ABC, além da avaliação, aconteceram palestras gratuitas para orientar a população sobre o problema da surdez na faculdade de Medicina do ABC e no Hospital Mário Covas, ambos em Santo André.

Maria Isabel percebeu que tinha problemas auditivos há dois anos, quando sua filha e suas netas começaram a reclamar que tinham de ficar repetindo muitas vezes o que falavam. “As pessoas falam uma coisa e eu entendo outra”, conta. A partir daí, os outros sinais da doença tornaram-se mais evidentes. “É horrível conversar ao telefone e o volume da televisão é tão alto que acabo incomodando as pessoas que moram comigo.”

A diminuição da audição provocada pelo envelhecimento é comum e tem nome: presbiacusia. De acordo com os dados da Sociedade Brasileira de Otologia, 70% das pessoas com idade superior a 65 anos têm problemas auditivos. Para o otorrinolaringologista Marcos Luiz Antunes, 39, o diagnóstico precoce é importante porque pode evitar a perda do convívio social do deficiente.

O jeito manso e pausado de falar de Maria Isabel são características de quem já sabe como conviver com o leve grau de surdez. A aceitação do problema foi o primeiro passo. Ela não se inibe em avisar, antes de uma conversa, que tem a deficiência. “Isso facilita a minha vida e a da pessoa que está conversando comigo”, explica sorrindo.

Porém, muitas vezes o deficiente nega que tenha dificuldades para ouvir e só procura um especialista quando se sente prejudicado no trabalho ou nas relações inter-pessoais. É o caso do impressor Osvaldo Buci, que só fez o exame audiométrico por insistência da esposa Nair, enfermeira do Hospital Márcia Braido, onde a campanha de saúde auditiva se instalou. Durante as conversas cotidianas é freqüente Osvaldo pedir: “Você pode repetir?”

Estudos da SBO mostram que 60% dos distúrbios da comunicação são causados por deficiências auditivas. O restante é causado por problemas motores e de voz. Mais comum do que se imagina, a surdez, em seus mais variados graus, afeta 1% da população mundial. Só no Brasil, 25 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência.

Problema – Identificar o problema não é uma tarefa difícil. Pedir com freqüência para que as pessoas repitam o que estão dizendo, a dificuldade para falar ao telefone, o volume da televisão ou do rádio muito mais alto que a maioria das pessoas está acostumada a ouvir, o desânimo para conversar com várias pessoas ao mesmo tempo e a irritabilidade ao notar que não está sendo compreendido são sinais de uma diminuição auditiva.




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