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Saiba mais sobre o antraz e formas de transmissão
Elisa Bartié
Do Diário OnLine
11/10/2001 | 02:30
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Os casos de antraz registrados nos Estados Unidos nas últimas semanas aumentaram a tensão de que a bactéria seria parte de um novo atentado terrorista. A doença, causada pela bactéria Bacilus antracis, teve dois casos registrados na Flórida na semana passada e um terceiro confirmado nesta quarta. Um homem morreu.

Na terça, agentes do FBI ouvidos pela rede de TV ABC afirmaram que a bactéria detectada na Flórida não é natural e foi manipulada em laboratório .

Oficialmente o FBI não confirma a suspeita e o presidente George W. Bush afirmou que a suspeita trata-se de um caso isolado. No entanto, ele reconheceu que o fato merece uma atenção especial. De qualquer forma, o caso começou nesta quarta a ser tratado criminalmente.

Para alguns especialistas, o antraz é uma arma biológica quase perfeita. Muito difícil de se diagnosticar, até que seja tarde demais para a vítima, a doença mata até 89% dos pacientes que não são tratados.

A doença é comum em vacas, ovelhas, cabras e porcos. Entre as vítimas humanas, atinge normalmente pessoas que trabalham em fazendas. Como os dois infectados trabalhavam em um escritório, a suspeita causa ainda mais medo entre os americanos.

O antraz pode ser transmitido ao homem pela pele ou por via digestiva, por meio de carne contaminada. A bactéria responsável pela doença libera esporos bastante resistentes à destruição, podendo sobreviver várias décadas sem água ou em altas temperaturas. Esse fator faz com que o bacilo tenha um alto poder de destruição, já que é difícil de ser controlado.

Se os esporos forem inalados, em contato com o ambiente quente e úmido do interior do nariz, podem provocar um antraz pulmonar, a pior forma da doença. A princípio, os sintomas da forma pulmonar da doença se assemelham aos de uma gripe e nem sempre o infectado apresenta febre. Com a evolução do quadro, o doente sente dificuldade para respirar e sua pele adquire um tom azulado.

Na pele, a infecção caracteriza-se pela formação de uma crosta vermelha, que pode vir a se tornar uma cratera preta. Pode ser acompanhada de mal-estar, febre, dores musculares e náuseas. Se a doença atingir o cérebro ou o sistema digestivo, ela pode destruir os tecidos, causando uma necrose, ou uma infecção sanguínea generalizada. Nesses casos, a doença é fatal.

Há tratamento com antibióticos (como a ciprofloxacina, ciclinas e penicilina se o germe for resistente), mas a forma pulmonar deve ser rapidamente tratada. Existe uma vacina que combate a bactéria, mas até hoje só foi experimentada em animais. A fórmula não é recomendada para humanos por seus fortes efeitos colaterais.

O temor de um iminente ataque assusta os americanos. Os esporos podem ser borrifados por algo como um avião usado em plantações ou por um aerosol caseiro. Como alguns dos homens que seqüestraram os aviões nos atentados do dia 11 de setembro tinham cursos de aviões pulverizadores de plantações, a suspeita se torna ainda mais ameaçadora.

De acordo com Associação Médica Americana, 17 países têm programas de armas biológicas. Entre eles está o Iraque, que admitiu produzir o antraz e usá-lo em armas biológicas.

A Rússia também produz a bactéria. Em 1979, um acidente ocorrido num centro militar russo dispersou esporos que provocaram a morte de 68 pessoas.




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