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Guerra no Afeganistão favorece solução de conflito na Caxemira
Por Das Agências
14/10/2001 | 16:25
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A guerra antiterrorista dos Estados Unidos no Afeganistão oferece uma oportunidade para reduzir a violência e inclusive avançar na solução do conflito da Caxemira e é, quem sabe, a "melhor" ocasião para negociar desde a separação da Índia e do Paquistão, há 54 anos, afirmam diplomatas neste domingo.

A Caxemira, palco de uma guerra entre o Paquistão e a Índia, vai ocupar boa parte das negociações do secretário de Estado americano Collin Powell em Islamabad e Nova Déli no início da próxima semana.

Segundo diplomatas ocidentais, Powell fará um pedido de trégua entre os "irmãos inimigos" do Sul da Ásia, enquanto continuarem as operações no Afeganistão.

Classificada na quinta-feira como o lugar "mais perigoso do mundo" pelo subsecretário de Estado norte-americano Richard Armitage, a Caxemira é uma região do Himalaia situada na fronteira entre a Índia e o Paquistão, dois países que já fizeram duas guerras desde 1947 para controlar a região. Confrontos em 1999 tiveram a ponto de deflagrar um novo conflito generalizado.

A Índia administra aproximadamente dois terços da Caxemira e o Paquistão o restante. Uma rebelão separatista causou mais de 35 mil mortes desde 1989 na parte indiana, que é de maioria muçulmana. A Índia acusa o Paquistão de alimentar o "terrorismo na fronteira", o que é negado por Islamabad, que por sua vez defende "um luta justa pela autonomia".

"Se a Índia e o Paquistão fizerem esforços mínimos nestes momentos, poderiam se criar as condições para estabelecer uma pausa, inclusive um começo de solução na Caxemira", avaliou um diplomata ocidental em Islamabad.

Com grande prudência, a principal ambição da viagem de Powell será reduzir a tensão entre os dois países, que possuem ambos armas nucleares. Mas o Paquistão anunciou no sábado que queria que o tema da Caxemira foi "tratada de forma importante" durante a visita de Powell, o que vai irritar a Índia, que não aceita toda mediação exterior numa região que considera de sua propriedade.

Mas uma boa parte da população da Caxemira quer a independência absoluta e se nega a pertencer a Índia ou o Paquistão. Em círculos oficiais de Islamabad se conta com Washington para avançar nas negociações sobre a Caxemira, já que o Paquistão apóia totalmente os Estados Unidos em sua guerra no Afeganistão contra os talibãs.

Osama Bin Laden, principal suspeito dos atentados do dia 11 de setembro. A campanha americana colocou Nova Délhi e Islamabad do mesmo lado.

O presidente paquistanês Pervez Musharraf começou a restringir as atividades dos grupos muçulmanos radicais que operam principalmente na Caxemira, revisou a estratégia de seu país na região e modificou os comandos nas forças armadas e serviços de inteligência (ISI), afastando vários generais pró-islâmicos.

Fato raro no Paquistão, as autoridades condenaram o atentado que causou 38 mortes no dia 1§ de outubro em frente ao parlamento de Srinagar, na Caxemira indiana. No dia 8 de outubro Musharraf afirmou que uma vez que o problema no Afeganistão estiver resolvido, haverá outros ainda para solucionar, como o da Palestina e da Caxemira.

A Índia tinha conseguido até os atentados de 11 de setembro convencer Washington a se afastar de Islamabad, mas sua estratégia caiu com o apoio oferecido pelo Paquistão aos EUA. Prova do nervosismo que reina pela viagem de Powell, a Índia declarou na quinta-feira que analisava a possibilidade de intensificar suas operações contra rebeldes muçulmanos na Caxemira.




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