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Pressão do mercado para subir taxa de juros incomoda Planalto
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08/02/2010 | 07:03
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A forte pressão do mercado financeiro para que a Selic suba em março ou abril a fim de conter o risco de alta na inflação por suposto excesso de demanda tem incomodado o Palácio do Planalto. Importante fonte do governo avalia que no mercado "tem muita gente torcendo" e alimentando as expectativas de alta na Selic para poder "ganhar dinheiro".

"Pelo mercado, os juros sobem toda semana. Se se fizer o que o mercado quer, estamos fritos. Tem gente que parece que fica torcendo para a inflação subir. Quem faz a política monetária é o Banco Central, é o governo, e não o mercado", diz a fonte.

Para este integrante do governo, ainda não há indicações claras de alta iminente da Selic como o mercado faz crer. Pelo contrário, a avaliação do Planalto é que o BC mostra preocupação natural com o futuro da inflação, o que é seu papel, mas em nenhum momento disse que ela está saindo de controle e nem sinalizou que enxerga um risco alto de isso acontecer.

A leitura que está se fazendo tanto no Palácio como no Ministério da Fazenda é que uma subida da Selic não pode ser dada como favas contadas. "É preciso esperar a evolução da economia e ver se a demanda de fato vai crescer a ritmo que a oferta de bens não conseguiria acompanhar."

"Tem que deixar a coisa um pouco acontecer", diz uma fonte, lembrando que, antes dos juros, o governo pode lançar mão de outros instrumentos de restrição monetária, como a retomada de níveis mais elevados de depósitos compulsórios - dinheiro que os bancos têm que deixar parado no BC e que foram reduzidos durante a crise.

Somam-se a isso o desarme das medidas de desoneração fiscal neste ano, que ajudam a conter a demanda. Fontes também lembram que é natural que, ao retomar o crescimento após a crise, a economia inicialmente esteja mais acelerada, mas a tendência é de arrefecimento desse ímpeto mais à frente.

O governo tentou, na sexta-feira, esfriar nos bastidores o noticiário em torno das divergências entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Henrique Meirelles.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse publicamente que não havia divergência. Nos bastidores, no entanto, fontes confirmaram que há discordância de visão entre Fazenda e BC. "É natural que haja divergência. No governo FHC não teve isso. Os desenvolvimentistas foram empurrados para fora pelos monetaristas e deu no que deu. A ideia do atual governo sempre foi buscar uma síntese nessas divergências."




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