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Novo cálculo da TR prejudica mutuários
Por Gabriela Gasparin
Especial para o Diário
03/02/2008 | 07:17
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A nova metodologia de cálculo da TR (Taxa Referencial), anunciada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) como forma de evitar variação negativa de aplicações na poupança, pode encarecer os financiamentos imobiliários balizados pelo índice.

Para garantir o rendimento mensal mínimo da poupança em 0,5% ao mês, como previsto em Lei, o governo estabeleceu que toda vez que a TR variar negativamente, o valor será transformado em zero (a variação mensal da poupança é de 0,5% mais TR).

Entretanto, as prestações mensais de financiamentos da casa própria, cuja base de reajuste é a TR, não serão reduzidas se a taxa variar negativamente, afetando os contratos habitacionais.

Há cerca de 120 mil mutuários no Grande ABC. Das 38 linhas de financiamento imobiliário pesquisadas pelo Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo), apenas sete não são reajustadas pelo índice.

“Na prestação de um mês isolado, o valor da alteração é pequeno. Porém, se acontecer muitas vezes durante o ano, torna-se uma quantia razoável”, explicou o consultor da ABMM (Associação Brasileira de Mutuários e Moradores), Wilson Gomes.

Num financiamento de R$ 500 mensais, por exemplo, com a TR a 1,45% ao ano (na média anual de 2007 ), caso a taxa sofra alteração positiva de 0,5% anual, o valor a mais a ser pago seria de R$ 2,50 em 12 meses, ou seja, R$ 0,21 ao mês. Esse seria o prejuízo do mutuário caso a variação negativa em 0,5% ao ano da taxa acontecesse e fosse zerada pela nova regra.

Outros tipos de operações, como financiamentos de automóveis, pagamentos a prazo e de seguros, também podem ter como base de cálculo a TR. Dessa forma, demais consumidores serão afetados com a medida.

Variação - A TR, entretanto, nunca ficou negativa. Um dos menores índices da taxa aconteceu entre dezembro de 2007 e janeiro deste ano. No dia 12 de janeiro, ela ficou em 0,0179% – a menor variação desde a sua criação aponta o Banco Central.

Naquele dia, a poupança rendeu 0,5180%. O cenário ocorreu devido aos juros mais baixos pagos pelos bancos nos CDBs, a base de cálculo para a TR. Historicamente, a Taxa Referencial costuma fechar em 0,2% e a poupança em 0,7% (0,5% mais 0,2%)

Segundo o diretor de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Andrew Frank Storfer, dificilmente o impacto negativo pode vir a acontecer. “Caso ocorra, será pontual”, disse.



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