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O eleitor e os eleitos

Imagina-se que a política seja a segunda profissão mais antiga do mundo. Mas creio que tem muita semelhança com a mais antiga de todas

Carlos Brickmann
30/08/2009 | 00:00
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1 Imagina-se que a política seja a segunda profissão mais antiga do mundo. Mas creio que tem muita semelhança com a mais antiga de todas.

2 - Quando se faz a chamada no Senado, os senadores não sabem quando devem responder "presente" ou "inocente".

3 - Hoje, temos boas notícias da Capital. O Congresso Nacional chegou a um impasse e não consegue trabalhar.

4 - Cada vez que o Congresso faz uma piada vira lei; e cada vez que faz uma lei vira piada.

5 - Temos o melhor Congresso Nacional que o dinheiro pode comprar.

6 - Em política, tendo ignorância e confiança, o sucesso é certo.

Errou feio, caro leitor: nenhuma dessas citações tem algo a ver com o Brasil. Todas se referem aos Estados Unidos. A primeira é do presidente Ronald Reagan; a segunda, do presidente Theodore Roosevelt; a terceira e a quarta, do humorista Will Rogers; a quinta e a sexta, do escritor Mark Twain.

Como diria o colunista Ancelmo Góis, do jornal O Globo, deve ser terrível viver em um país que vê desta maneira seus representantes eleitos.

Mas poderia ser pior: lá, um famoso humorista bigodudo, Groucho Marx, disse que jamais entraria em um clube que o aceitasse como sócio. Aqui, um famoso bigodudo bem menos engraçado, mas com os imensos bigodes muito mais bem arrumados, quer ficar onde não o aceitam de jeito nenhum.

O ÁRBITRO-CANTOR-CANDIDATO

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) gostaria de ser candidato ao governo paulista (mesmo porque, se derrotado, continuaria senador). Isso explica o show do cartão vermelho, exibido no plenário depois que o jogo tinha acabado e José Sarney (PMBD-AP) liberado de todas as denúncias, com o voto unânime do PT de Suplicy. É difícil que consiga ser candidato.

EI-LA DE NOVO

Quem trabalha para ser candidata ao governo paulista, e com boas chances de conseguir a indicação do partido, é a ex-prefeita da Capital Marta Suplicy. Tem excelente estrutura no PT paulista. E leva sobre o possível rival na luta pela candidatura oposicionista, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), a vantagem de nunca ter pertencido a outra legenda.


O VOO DE PALOCCI

Livre do processo, Antônio Palocci estuda seus próximos voos políticos. Não, não sai para a Presidência, mesmo se o presidente Lula decidir que Dilma não é mais candidata: as cicatrizes do caso do caseiro são muito recentes. Pelo mesmo motivo, embora possa contar com bom apoio empresarial, Palocci não pensa em sair para o governo paulista. Ou garante uma reeleição tranquila, como deputado federal, ou vai para o governo, talvez substituindo o ministro José Múcio, das Relações Institucionais. Voltar para a Fazenda, só se Mantega pedir demissão.

DEMI E REDFORD GENÉRICO

O senador Romero Jucá, do PMDB de Roraima, líder do governo, estava dando uma entrevista quando foi abraçado por trás pelo senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Demóstenes, muito mais magro após uma cirurgia de estômago, murmurou a proposta ao ouvido de Jucá: "Jucazinho, vamos fazer as pazes?" Resposta do sorridente Jucá: "Tentando me pegar novamente pelas costas?" Não, caro leitor: não deixe que sua malícia o leve a pensar em coisas que não deve. Nem recorde o filme "Proposta Indecente", que não é disso que se trata: é que Jucá estava bravo com Demóstenes, que esperou que ele saísse para convidar Lina Vieira, ex-secretária da Receita, a falar sobre seu encontro com Dilma Rousseff. Não seja maldoso.

TRABALHADORES DO BRASIL

O jornalista Luiz Fernando Emediato, amigo do deputado Paulinho da Força, do PDT paulista, rebate nota desta coluna: diz que Paulinho costuma ir à Câmara às terças-feiras. Embarca para Brasília no primeiro voo, vai para o gabinete e trabalha como um mouro até quinta-feira. Às vezes, chega a ir na segunda. Registrado.

OS AMIGOS

Leda Maria Pessoa de Mello Cartaxo, funcionária do senador Roberto Cavalcanti, do PRB da Paraíba, foi exonerada no início da semana. Leda é filha de Otacílio Cartaxo, recém-nomeado secretário da Receita Federal, e antes disso o poderoso chefe de gabinete da secretária anterior, Lina Vieira. Cavalcanti, o senador para quem Leda Cartaxo trabalhava, é acusado de lesar o Fisco. Os débitos de uma de suas empresas, de R$ 4,4 milhões, já inscritos para cobrança na dívida ativa, foram recalculados e caíram para R$ 39 mil. Há algo como cem ações contra ele, estaduais e federais, na Paraíba, em Pernambuco e no Rio de Janeiro.




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