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Conservadores ganham eleições no Irã
Por Da AFP
25/02/2004 | 15:33
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Os conservadores iranianos garantiram nesta quarta-feira a maioria absoluta no parlamento, que deve ser confirmada no segundo turno das eleições legislativas.

Os conservadores obtiveram 27 das 30 cadeiras da capital. Assim, são 156 conservadores eleitos no primeiro turno, segundo os resultados finais anunciados pelo ministério do Interior.

A maioria absoluta no Majlis (Parlamento iraniano) é de 146 cadeiras.

Estes números, divulgados após cinco dias de contagem, representam a revanche de uma geração de conservadores que se declara pragmática e fiel ao Islã e que, apesar de afirmar o contrário, freará as reformas políticas, sociais e culturais.

Segundo uma recontagem não oficial, somente 39 reformistas foram eleitos no primeiro turno, apesar de ocuparem os três quartos do parlamento.

Dos 30 deputados de Teerã, 29 eram reformistas. O único conservador era o dirigente Gholam Ali Hadad Adel.

No primeiro turno, também foram escolhidos 31 independentes e cinco representantes das minorias religiosas. Falta ainda a escolha dos ocupantes de 58 cadeiras.

Cinco conservadores foram eleitos no primeiro turno na capital iraniana. Duas mulheres, uma conservadora e uma reformista, ganharam em circunscrições provinciais. Sete candidatas participarão do segundo turno.

O segundo turno, cuja data de realização ainda não foi determinada, reforçará o domínio conservador.

Apenas 17 reformistas disputarão a vitória. Tradicionalmente, o segundo turno não atrai muita participação, o que favorecerá os conservadores, que contam com um eleitorado fiel.

O líder da única lista reformista, a Coalizão pelo Irã, não estará presente. Mehdi Karubi, presidente do parlamento e próximo ao presidente Mohamad Khatami, decidiu retirar-se da corrida nesta quarta-feira.

A vitória conservadora era inevitável desde que o Conselho dos Guardiões, pilar institucional e ultraconservador do regime, rejeitou a candidatura da maioria das personalidades reformistas, alegando desrespeito ao Islã e à Constituição.

Estas eliminações arbitrárias provocaram uma das piores crises políticas da República Islâmica.

Vários apelos foram feitos para boicotar as eleições, que registraram o nível de participação mais baixo em legislativas desde a revolução de 1979, com 50,57%, segundo o ministério do Interior, ainda controlado pelos reformistas.

O Conselho de Guardiões contesta este número, e acusou o ministério de manipular os dados.

As condições nas quais transcorreram as eleições foram criticadas pela União Européia e pelos Estados Unidos, que denunciaram um "revés para a democracia".

De acordo com o deputado reformista Khafar Golbaz, citado pela agência estudantil Isna, cerca de cem parlamentares pediram ao presidente Khatami que explique ante o parlamento "suas posturas ambíguas" para defender os candidatos antes das eleições, e o descumprimento de suas promessas.




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