Setecidades Titulo
Abrigos não conseguem suprir demanda
Por Adriana Ferraz
André Vieira
29/06/2008 | 07:02
Compartilhar notícia


Na estação mais fria do ano - o inverno, que começou no último dia 21 -, a atenção oferecida a moradores de rua é ampliada em âmbito municipal. Prefeituras dispõem de mais vagas em abrigos e reforçam a abordagem pessoal. No total, a região conta com 653 vagas para pernoite. Mas a oferta só consegue acomodar metade da população em situação de rua no Grande ABC.

O déficit está em todas os municípios com exceção de São Caetano, onde a Diretoria de Assistência Social e Cidadania garante que não há moradores de rua. Contudo, instituições como o Lar Bom Repouso e Anália Franco oferecem, juntas, 124 vagas para acolher homens e mulheres. Segundo a diretora Leonice Piloto Bakkenist, quem está de passagem é acolhido e direcionado para as instituições conveniadas.

Rio Grande da Serra também informa não ter pessoas nesta situação, mas garante que oferece auxílio, se necessário, apesar de não ter nenhuma entidade engajada no serviço.

Em Mauá, a Secretaria de Assistência Social e da Cidadania mantém uma parceria com duas entidades para o atendimento, com 160 vagas divididas entre a Associação Missionária Terra Nova e o Centro de Reabilitação Camile Flamarion. "Todos os moradores que procuram a Prefeitura são enviados para esses locais, só que nada é feito forçado, porque o morador vai se quiser", explica a assistente social Maria Felipe Rodrigues.

A situação em Ribeirão Pires é a mesma. Os interessados em passar a noite na Casa do Mie, que dispõe de 18 leitos, devem procurar pela entidade ou buscar informações na Prefeitura. A secretária de Promoção Social, Claudete Madureira, diz que a administração negocia o aumento de vagas com a construção de uma nova instituição. Segundo a secretaria, 26 pessoas estão em situação de rua.

Em Santo André, o número é maior - 349. A política, segundo o secretário de Inclusão Social, Ademar Carlos de Oliveira, também é ampla. "Temos uma rede de atendimento que começa na acolhida da pessoa em situação de rua. A Casa Amarela, que faz este serviço, é conhecida por todos. Lá, é possível fazer as refeições, tomar banho, lavar roupa e socializar-se com os demais moradores de rua. O trabalho é de aproximação e encaminhamento", garante. São 200 leitos para pernoite.

Ocupando o quarto lugar no ranking de moradores de rua na região, Diadema oferece só 40 leitos. As vagas pertencem ao Albergue Transitório Casa do Caminho, que é mantido em parceria com o Lar Espírita Luz e Amor. Deste contingente, 15 vagas são do Projeto Viver Melhor, que oferece atendimento médico e acompanhamento psicológico pelo período de até um ano. Os outros 25 leitos são ocupados por albergados que podem permanecer por até 30 dias.

Divergência - São Bernardo não atende toda a demana dessa parcela da população. A cidade possui 558 moradores em situação de rua, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, ou 307, segundo levantamento próprio elaborado entre setembro de 2007 e abril de 2008. Destes, 82% receberiam algum tipo de assistência social. O município, no entanto, dispõe de apenas 111 leitos para pernoite. As vagas são insuficientes para atender a demanda, independentemente da fonte de pesquisa.

A prefeitura dispõe de um albergue com 85 leitos e mais um Centro de Convivência, que, embora não ofereça vagas para pernoite, possibilita ao morador de rua fazer três refeições diárias, lavar suas roupas, tomar banho e realizar outras atividades, como freqüentar aulas de alfabetização e trabalhar em uma horta.

As outras 26 vagas estão disponíveis na Casa de Integração Social Madre Teresa de Calcutá. Neste espaço, os internos podem permanecer por até seis meses, prorrogáveis dependendo da necessidade. O número é reduzido porque, segundo a diretora da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania Fabiola Dimitrov Beltrame, "atendimentos integrais de alta complexidade - como os que a casa oferece -, precisam ser realizados em grupos pequenos".

Responsabilidade - A legislação brasileira determina que a responsabilidade de oferecer proteção social ao cidadão é do município, que recebe verba quando aprova projeto nas esferas estadual ou federal. O governo do Estado não interfere nas políticas das prefeituras, a Secretaria de Assistência Social apenas orienta e fiscaliza.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;