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Gás é prejudicado pelas termoelétricas
Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC
03/02/2007 | 21:07
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O setor de gás natural reclama – e bastante – sobre a situação econômica do país. Desde a tendência do governo em priorizar o fornecimento de termoelétricas em detrimento de outros segmentos industriais, até os índices de crescimento macroeconômico desapontam os empresários das distribuidoras e consumidoras do insumo.

Isso ficou claro na segunda e terça-feira, quando o Hotel Quality Moema, na Capital, foi palco da 3ª Conferência Anual do Mercado de Gás Natural, organizada pelo IIR (Institute of International Research). O evento reuniu representantes de diversos órgãos e empresas que atuam com o gás natural.

E muitos tinham do que reclamar. Em especial está a estratégia do governo em promover o uso de termoelétricas. Esse foi o mote da explanação de Petronio Lerche Vieira, diretor da Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado). “O governo tem a visão de que o gás natural é um insumo termoelétrico, mas isso é simplificar o setor”, diz.

O professor do Programa de Energia da USP, Edmilson Moutinho dos Santos, disse que não é só simplificação, como desperdício, já que a produção termoelétrica é menos eficiente do que, por exemplo, o uso direto do gás natural em sistemas de aquecimento industrial (setor de forte utilização de eletricidade). “É a transformação de filé mignon em lingüiça”, comparou. Ele também disse que é uma incongruência um país que “concentra 18% das chuvas do planeta” e investiu “mais de US$ 200 bilhões em reservatórios” depender de termoelétricas.

A necessidade de segurança de fornecimento para as usinas também ata o gás natural. “Quando falam que vão ligar (as termoelétricas), causa uma grande confusão no mercado”, conta Moutinho. Lerche resume: “Não falta gás. Falta gás para fazer lastro termoelétrico 100%.”

Preço - Outra unanimidade entre os empresários, especialistas e consultores reunidos é que o valor pelo qual o gás natural é vendido está defasado. “Estamos no limiar de um novo patamar de preços”, explica o diretor de Gás e Biocombustíveis da Expetro, Luis Eduardo Palhares Chaves. Por isso, o diretor aponta para um possível reajuste por iniciativa da Petrobras. “O gás natural deve aumentar por conta dos esforços exploratórios que estão cada vez mais caros.”

Raimundo Lutif, diretor da Cegás (Companhia de Gás do Ceará) justifica os futuros aumentos. “A gente tem de ter claro que somos um mercado não-maduro. Precisamos ter uma ampliação de rede”, conta.



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