Política Titulo São Bernardo
Marinho trabalha saída de Cleuza

Prefeito chegou a pensar em demissão imediata, mas
recuou e decisão será em melhor momento político

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
13/02/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Integrante da alta cúpula do secretariado de São Bernardo, a titular da Pasta de Educação, Cleuza Repulho (PT), está prestes a ser exonerada do cargo. O prefeito Luiz Marinho (PT) teria, inclusive, tomado a decisão, porém preferiu aguardar apenas o momento oportuno, sem ceder a pressões do Legislativo.

O processo de desligamento da – até então ‘intocada’ – secretária, que atua na gestão petista desde 2009, começou a ser trabalhado algumas horas após a Câmara convocá-la para prestar esclarecimentos sobre o plano de corte de parte da merenda escolar da rede municipal, envolvendo pré-escola e Ensino Fundamental, que aglutina cerca de 80 mil crianças do município, com idades entre 5 e 10 anos.

O chefe do Executivo cogitou por demissão imediata, mas recuou ao avaliar que a ação fortaleceria o bloco oposicionista. Além deste cenário, Marinho se irritou com a postura de alguns componentes da ala governista, que pediram a saída de Cleuza do governo. O caso mais explícito foi do vereador e um dos líderes do PT Tião Mateus.

A situação incita duas versões: a primeira dá conta de que Cleuza permanece na função até defender o projeto de corte das refeições. O outro sinaliza por demissão antes de sua ida à Câmara, que deve ocorrer no dia 25, sob a alegação de que sua exclusão da administração é devido a problemas pessoais. Contudo, em ambos os casos, a informação é de que Marinho espera ocasião menos turbulenta para a saída da secretária. Comenta-se que a petista manifestou vontade de comparecer à Casa.

Oposicionista e um dos críticos à postura de Cleuza, Julinho Fuzari (PPS) emitiu ontem ofício ao Executivo que pede a exoneração de Cleuza.

Na justificativa do documento, o popular-socialista resgata participação da secretária no esquema de superfaturamento para a compra de mochilas e tênis entregues às crianças da rede municipal.

A secretária teve pedido de prisão preventiva pelo Ministério Público, que apontou que pelo menos R$ 4 milhões foram desviados, entre 2010 e 2011. Julinho citou também o plano de redução na distribuição de alimentos nas unidades educacionais, iniciadas no começo do mês, que é investigado pela Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca de São Bernardo.

Rivais do PT prometem acionar Justiça para reverter corte de merenda

A implementação do plano de redução de merenda nas escolas da rede municipal de São Bernardo vai render ao prefeito Luiz Marinho (PT) ações judiciais impetradas por seus rivais políticos diretos no Paço. O deputado federal Alex Manente (PPS), o deputado estadual Orlando Morando (PSDB) e o ex-prefeito William Dib (PSDB) manifestaram interesse em acionar esferas da Justiça no sentido de reverter o projeto restritivo de alimentos.

Segundo Alex, o PPS está agindo em conjunto ao destacar a ação inserida pelo vereador e presidente municipal da legenda, Julinho Fuzari, junto à Promotoria de Justiça da Infância e Juventude. “Estamos orientando toda nossa bancada de vereadores na cidade para realizar trabalho de fiscalização e encaminhamentos. Nosso mandato aqui em Brasília está à disposição para auxiliar contra essa medida, totalmente descabida. Não vou medir esforço para iniciar representações necessárias em esfera federal, se for necessária”, comentou.

A mesma promessa foi compartilhada por Morando. De acordo com o tucano, a iniciativa deve ser tomada, caso o plano perdure. “Medidas judiciais estão sendo providenciadas, mas entendo que cabe investigação em níveis superiores, porque a Secretaria de Educação tem repasses da União. Em nenhuma situação cortar a alimentação das crianças é aceitável”, afirmou.

Dib, por sua vez, informou que tem “propagado ações nas redes sociais” e destacou semelhança de cenário quando comandou o Paço são-bernardense (entre 2003 e 2008). “Entre 2004 e 2006, a situação econômica do País também estava difícil e nossa administração buscou o caminho inverso à redução. Conseguimos garantir mais alimentação nas escolas, além de uniforme. É possível em dificuldades financeiras como esta, as administrações públicas garantirem auxílio aos pais.” 




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