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Cai investimento em programas sociais
Por Aline Mazzo
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
10/02/2007 | 22:11
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As cidades da região investirão menos nos programas de assistência social em relação a 2005. A verba empregada há dois anos já era considerada pequena por entidades, gestores e especialistas na área. Na contramão das reivindicações e do alto índice de pobreza, a porcetagem do orçamento que será empregada em políticas de inclusão diminuiu.

Em dezembro, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou estudo de todos os municípios do país quanto ao atendimento prestado pela assistência social. Os números, fornecidos pelas prefeituras, são de 2005.

Os dados comprovaram o que a realidade já estabelecia. As cidades investem pouco dos próprios recursos em assistência; a maioria das famílias miseráveis são atendidas pelos programas emergenciais de transferência e complementação de renda. Parte delas sequer foi cadastrada. Outras milhares necessitam de programas de inclusão, mas estão fora da faixa de renda que recebe o auxílio financeiro.

Em média, os municípios brasileiros investiram 3% do orçamento em inclusão. No Grande ABC, só Diadema e Rio Grande da Serra superaram o percentual. Em 2005, a região gastou R$ 80,5 milhões na assistência social, fora os repasses federais e estaduais. Este ano, a previsão é de R$ 85,9 milhões. São Bernardo é a que investirá mais, e ainda assim não passará dos 2,65% da previsão orçamentária.

A falta de investimentos municipais criou na região dois bolsões diferentes. Um de famílias que não recebem nenhum atendimento, e ainda precisam de atenção emergencial, e outro de famílias assistidas, mas sem oportunidades de conquistar autonomia. Sem políticas de geração de renda e qualificação profissional, quem recebe dinheiro acaba refém da mesada pública.

O diretor da Drads (Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social), José Luiz Cestari, diz que o primeiro desafio é universalizar o atendimento emergencial. “Muitas famílias não recebem nada. O Grande ABC já avançou. Mas é preciso ir além. Hoje, mal conseguimos matar a fome de quem precisa”, avalia.

O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome estima que 116,5 mil famílias pobres vivam na região. Cerca de 44 mil ainda não constam do Cadastro Único, a maioria com renda per capita superior a R$ 120 mensais.

As prefeituras afirmam que, embora não estejam computadas no sistema federal, as famílias teoricamente invisíveis estão nos cadastros municipais. E parte delas é atendida pela rede local, com programas próprios de transferência de renda, no caso de misarabilidade.

Não é o caso de Alan Ricardo Marinho, 28 anos, casado e pai de três filhos. Há dois anos vive no mesmo endereço, num barraco da favela Vitória Régia, em Mauá. Desempregado, só restou a licença maternidade da esposa. Um salário mínimo, cinco bocas para comer. Está abaixo da linha da pobreza faz tempo. E nunca recebeu nenhuma assistência social. “Às vezes, acho que ninguém sabe que a gente existe.”



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