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Conferência de Madri que defende democracia entra no 2º dia
Por Da AFP
09/03/2005 | 16:15
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A democracia, reforçada no ocidente e encorajada nos países de regimes autoritários, é a melhor resposta ao "flagelo global e multiforme" do terrorismo, afirmaram nesta quarta-feira os participantes do segundo dia da conferência sobre 'Democracia e Terrorismo', que está sendo realizada em Madri.

As recomendações neste sentido, formuladas por especialistas, serão levadas em conta no 'Programa de Madri', que será publicado na quinta-feira por este encontro, organizado por ocasião do primeiro aniversário dos atentados de 11 de março de 2004, na capital espanhola, que mataram 191 pessoas.

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, deve apresentar nesta quinta-feira sua estratégia antiterrorista e lançar um apelo forte aos Estados membros para que entrem no acordo sobre uma "definição clara do terrorismo".

"O Clube de Madri, organizador da conferência, vai sugerir uma definição condenando o fato de atingir diretamente civis e não-combatentes como meio de uma luta política, independentemente da justificativa", indicou o ex-primeiro-ministro francês, Lionel Jospin.

A definição do terrorismo vem provocando vivos debates entre os especialistas de 52 países reunidos em Madri, ex-dirigentes políticos, universitários, líderes religiosos, policiais e agentes de Inteligência.

Em intervenção em uma mesa redonda sobre "Terrorismo e processo de paz" no conflito israelense-palestino, Abdel Moneim Said Aly, diretor do centro de estudos políticos e estratégicos Al Ahram, do Cairo, pediu para não confundir resistência com terrorismo. "Se o mundo pensa que terrorismo é resistência, não é o caso no Oriente Médio".

Terje Rod-Larsen, um dos principais redatores dos acordos de Oslo em 1993, destacou que "as medidas militares contra o terrorismo não serão suficientes para acabar com isso". No caso concreto do conflito árabe-israelense, "é preciso também um Estado palestino", concluiu.

Os conferencistas propõem uma resposta de "estrita legalidade" ao terrorismo sem ceder em nada às liberdades cívicas, aos direitos do homem e à defesa dos suspeitos de terrorismo, através do reforço da cooperação policial e do compartilhamento de informações. "Evidentemente, a filosofia do clube de Madri não é igual à de Guantánamo", onde estão detidos, sem perspectiva de julgamento nem advogados, os prisioneiros da campanha americana no Afeganistão, disse Lionel Jospin.

Os participantes descreveram a ONU como "o melhor quadro institucional de resposta legal" ao terrorismo, incentivando a demonstrar uma "tolerância zero". Eles sugeriram assim privar de argumentos os grupos terroristas, encorajando a instauração da democracia nos regimes autoritários.

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jaap de Hoop Scheffer, o primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, presidente em exercício da UE (União Européia) deve participar da conferência de Madri.

Entre os demais participantes estão o secretário-geral da Liga árabe, Amr Moussa, o presidente afegão, Hamid Karzai, os presidentes argelinos, Abdelaziz Bouteflika, paquistanês, Pervez Musharraf, português, Jorge Sampaio, e o ministro da Justiça americano, Alberto Gonzales.

A França e a Alemanha serão representadas por seus chefes da diplomacia, Michel Barnier e Joschka Fischer. A celebração pelos aniversários dos atentados de Madri termina na sexta-feira com uma homenagem às vítimas no jardim do Retiro, na presença do rei da Espanha, Juan Carlos e, entre outras personalidades, do soberano do Marrocos, Mohamed VI.

Nesta quarta-feira, o Senado espanhol fez um minuto de silêncio em memória das vítimas, e a Câmara dos Deputados fará o mesmo na quinta-feira. Antes da cerimônia de sexta-feira, flores, fotos e mensagens já estão sendo colocados no local dos atentados, a estação madrilena de Atocha.




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