Presidente do PT paulista e pupilo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo, afirmou ontem que o partido vai continuar apostando na possibilidade de o ex-presidente voltar a disputar o Palácio do Planalto nas eleições de outubro.

“Isso (possível prisão de Lula) não muda em absolutamente nada. Lula é o nosso candidato. Em agosto nós o inscreveremos, independentemente do que aconteça”, sentenciou o ex-prefeito ao Diário, em meio ao ato em solidariedade a Lula, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Questionado se Lula fará campanha mesmo dentro da prisão, Marinho colocou em dúvida a detenção do ex-presidente. “Quem disse que ele (Lula) vai estar preso? Isso é você (repórter) que está falando. Não discutimos sob hipóteses. Nós discutimos fatos reais. Ele não está preso e tem muita água para rolar debaixo dessa ponte jurídica. Os advogados estão trabalhando e vamos aguardar os acontecimentos”, contemporizou Marinho, que será o candidato do PT a governador no pleito deste ano.

Juristas ouvidos pelo Diário garantem que o ex-presidente poderia até gravar inserções para propagandas eleitorais de TV. “A legislação garante ao candidato a possibilidade de praticar todos os atos de campanha, como participar do horário eleitoral, que é o mais importante. Então, ele poderia pleitear (à Justiça) para gravar em algum lugar, mesmo preso”, avaliou Karina Kufa, coordenadora da especialização de Direito Eleitoral do IDP (Instituto de Direito Público) de São Paulo.

UNIÃO
Defendida publicamente por Marinho, a aliança entre as forças de esquerda e a consequente construção de uma única candidatura presidenciável progressista como forma de levar a esquerda de volta ao poder sequer é cogitada publicamente por Psol e PCdoB. Porém, a ameaça de prisão do ex-presidente vem colocando – e isso se repetiu ontem – os futuros presidenciáveis desses partidos no mesmo palanque do PT. Ao lado de dirigentes petistas, discursaram no caminhão de som Manuela D''Ávila, deputada estadual do Rio Grande do Sul e pré-candidata a presidente pelo PCdoB, e Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e presidenciável do Psol. “Não querem somente calar o Lula, querem calar os partidos de esquerda e a classe trabalhadora. Precisamos aproveitar esse período de grande unidade da esquerda para travar a luta contra os neoliberais, a direita e os golpistas”, defendeu Marinho em seu discurso, no ato de ontem.