Terri Schiavo, a mulher que vive há 15 anos em estado vegetativo, "está em suas últimas horas", segundo seu pai, que depositou as últimas esperanças em uma corte de apelações, que decidirá nesta sexta-feira - pela terceira vez esta semana - se intervém no caso.

"Terri está morrendo, está em suas últimas horas, algo precisa ser feito e tem que ser rápido", disse em entrevista coletiva Bob Schindler, após visitar a filha no hospital de Pinellas Park (oeste da Flórida), onde Terri teve desligado na última sexta-feira o tubo que a alimentava.

Schindler depositou suas "melhores esperanças" na 11ª Corte de Apelações de Atlanta, perante a qual a família recorreu nesta sexta-feira para pedir uma reconsideração da decisão emitida esta manhã pelo tribunal federal de Tampa, que se negou novamente a religar o tubo alimentar. "Acho que o aconteceu na noite passada (no tribunal de Tampa) é muito, muito viável", disse Schindler.

O último pedido se baseia em novos informes, entre eles um relatório de um neurologista, que afirmou que Terri poderia se encontrar em estado de "mínima consciência" e não "vegetativo".

Segundo as leis da Flórida, uma pessoa com dano cerebral e que não tenha deixado instruções expressas sobre seu tratamento não pode ser desligada de um sistema que a mantenha viva a menos que se encontre em estado "vegetativo".

O caso será revisto pela terceira vez em uma semana pela Corte de Apelações, que já se negou duas vezes a determinar o religamento, dando razão ao juiz do distrito de Tampa, James Whittemore.

Nesta quinta-feira, o Supremo Tribunal americano se negou pela quinta-vez a intervir no caso. Os pais de Terri se negam a deixá-la morrer, apesar do desejo do genro, Michael Schiavo, que afirma que sua esposa lhe disse que não gostaria de ser mantida viva artificialmente.

Terri entrou, nesta sexta-feira, no oitavo dia sem alimento ou água e seus parentes disseram que sua aparência na noite passada era a de "uma vítima do Holocausto". Os especialistas também afirmam que Terri poderá morrer dentro de poucos dias ou horas.

Os pais de Terri, Bob e Mary Schindler, que se negam a deixá-la morrer, poderão continuar apelando da decisão junto à Corte de Apelações de Atlanta e ao Supremo Tribunal americano, disse George Felos, advogado do marido de Terri, Michael Schiavo.

Michael Schiavo se nega a religar o tubo alimentar, alegando que sua esposa lhe disse que não gostaria de ser mantida viva artificialmente, ao mesmo tempo em que assegura - apoiado por vários médicos - que ela sofre de um dano cerebral permanente após sofrer um súbido ataque cardíaco.

Na quinta-feira, a Suprema Corte americana e o juiz da Flórida rejeitaram em separado os pedidos de última hora feitos pelos pais de Terri.

As tentativas de sua família perante a Justiça federal para que ela volte a receber alimento fracassaram, assim como um pedido para que um tribunal local suspendesse a tutoria de seu marido e a repassasse ao Departamento de Família da Flórida. Este último recurso falhou na tarde de quinta-feira, quando uma corte da Flórida se opôs a acolher o pedido.

Os manifestantes contrários à morte de Terri pedem a intervenção do governador da Flórida, Jeb Bush, para que relige, por decreto, o catéter, mas ele já antecipou que não poderá fazer muito por ela. "Tenho o dever de respeitar a lei e tenho sido muito consistente nisso", disse nesta quinta-feira o governador, ao ser perguntado se interviria apesar das decisões judiciais.

Os ativistas foram na noite de quinta-feira para a capital do estado, Tallahassee, para pressionar o governador com protestos nesta sexta-feira.

Os pais de Terri já tinham apelado à Suprema Corte na quarta-feira, a terceira instância judicial em menos de uma semana, mas voltaram a fracassar. "A solicitação para intervir foi negada", disse a corte na decisão por escrito.

Sobre ela, o presidente americano, George W. Bush, disse que estava "chateado" com a negativa da Suprema Corte ao examinar o caso. "Quando se apresenta um caso complexo como este, quando se propõem questões e dúvidas graves, ele acredita que devemos colocarnos ao lado da vida", disse nesta quinta-feira a porta-voz adjunta da Casa Branca, Dana Perino.

Os ânimos eram cada vez mais pessimistas em frente ao hospital de Pinellas Park, onde continuam reunidos dezenas de manifestantes pró-vida, que acendem bandeiras e rezam à luz de velas.