Economia Titulo Mercado automotivo
Produção de veículos reage, mas ainda é a pior desde 2004

Projeção da Anfavea é de queda de 5,5% neste
ano, mas expectativa está distante da realidade

Vinícius Claro
Especial para o Diário
05/08/2016 | 07:09
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Anderson Silva/DGABC


Apesar da reação do mercado de veículos brasileiro em julho, com acréscimo de 4,7% na produção em relação ao mês anterior, com 189,9 mil unidades, no acumulado dos primeiros sete meses de 2016 o montante chega a 1,205 milhão, 20,4% menos do que no mesmo período do ano passado. Dessa forma, segue com o posto de menor volume fabricado desde 2004, quando saíram das montadoras 1,179 milhão de veículos. Isso é o que apontam os dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgados ontem.

Na avaliação do presidente da Anfavea, Antonio Carlos Botelho Megale, a produção de julho poderia ter sido maior. “Nós tivemos problemas pontuais em algumas empresas que tiveram quebra no ritmo de fabricação ao longo do mês mas, mesmo assim, houve melhora no setor, refletida, em partes, no aumento de vendas”, afirma. Uma das montadoras que vêm enfrentando problemas com o abastecimento de bancos automotivos é a Volkswagen, o que faz com que a produção de carros seja interrompida.

Mesmo com alto índice de recuo na fabricação de veículos, a Anfavea mantém a projeção de encerrar 2016 com queda de 5,5% em relação ao ano passado. Para que essa projeção se confirme, no entanto, é preciso fechar o ano com 2,295 milhões de unidades produzidas. Em outras palavras, faltam ainda 1,090 milhão de veículos, média de 218 mil para cada um dos últimos cinco meses. No entanto, em nenhum mês deste ano a produção atingiu 200 mil unidades. A última vez em que a marca foi alcançada, foi justamente em julho de 2015, com 224,1 mil veículos.

Outro dificultador da manutenção na produção é a falta de mão de obra. No último mês, houve a demissão de 1.147 funcionários. Hoje, há 126,8 mil empregados nas fabricantes de veículos, o menor número para o mês de julho desde 2009 (119,6 mil). Desse montante, de acordo com Megale, aproximadamente 26 mil estão em lay-off ou PPE. “Todas as empresas estão usando ao máximo as possibilidades de flexibilização da jornada de trabalho no sentido da manutenção, tanto quanto possível, dos postos.”

Em 2016, foram realizados 2.800 cortes, sendo 630 no último PDV (Programa de Demissão Voluntária) da Mercedes-Benz. Desde o início de 2014, em 28 meses tem havido a redução no número de trabalhadores. Apenas dois meses mostraram contratações e, um, manutenção.

O que mais anima o setor são as vendas ao Exterior, que cresceram 20% em relação ao acumulado dos sete primeiros meses em 2015. “Estamos com um olhar otimista no que se refere às exportações. Estamos do lado do governo no sentido de apoiar o fechamento de novos acordos comercias com outros países da América Latina, e também da África, que podem nos trazer resultados positivos”, assinala o presidente da associação.

Em relação ao estoque, julho apresentou o equivalente a 37 dias de armazenagem, mesmo prazo de junho. Apesar de vir em queda em 2016 – chegou a 49 dias em janeiro –, o número ainda não é positivo; o ideal considerado pela Anfavea é inferior a 30. Além disso, movimento se deve ao recuo na produção e não à alta das vendas.


Julho registra melhor índice de vendas do ano

O licenciamento de veículos novos em julho foi o maior do ano, totalizando 181,4 mil unidades, crescimento de 5,6% em relação a junho. Esse é quarto resultado positivo consecutivo. Apesar disso, o presidente da Anfavea, Antonio Carlos Botelho Megale, avalia que ainda não se trata de processo de retomada. “Alguns fatos podem ter contribuído para esse resultado, como as greves do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), ocorridas no fim de junho, gerando, talvez, transferência de emplacamentos para o começo de julho. Ainda não dá para afirmar que houve recuperação, mas é sempre positivo ter resultados melhores que os dos meses anteriores.”

Megale destaca que a curva de redução vem diminuindo, e o ano deve terminar com recuo de 19% nas vendas. “Não é bom, mas é melhor do que aquilo que temos hoje”, diz, referindo-se ao resultado de janeiro a julho, que acumula queda de 24,7%. Ainda assim, os licenciamentos somam 1,165 milhão de unidades, e têm o pior resultado desde 2006 (1,027 milhão).

LEI DO FAROL - A Anfavea procurou contato com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) para maiores esclarecimentos sobre a lei que exige o uso de farol baixo durante o dia em rodovias, em vigor desde o mês passado. “Já fizemos algumas correspondências, solicitando principalmente esclarecimentos sobre a questão da rodovia, de como ela é classificada quando cruza um perímetro urbano.” O assunto gera polêmica porque, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, rodovia é uma via rural pavimentada, e a obrigatoriedade não deveria ser aplicada em trechos urbanos com a Via Anchieta, em São Bernardo.
 




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