O envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com as investigações da Operação Lava Jato, que apura o desvio de dinheiro da Petrobras, ganhou destaque nos sites dos principais veículos de comunicação do mundo. A maior parte deles lembrou a trajetória do petista desde que ele conduziu políticas de inclusão social na época de governo, de 2003 a 2010, até ser conduzido coercitivamente para depor na Polícia Federal, ontem, na Capital.

“É o fim de um mito”, sintetizou o italiano Corriere della Sera já nas primeiras horas do dia. “Ele está sob investigação por suspeita de ocultação de bens e lavagem de dinheiro”, contou o jornal, complementando que Lula foi retirado da cama pelos policiais que foram à sua casa em São Bernardo, chamada na reportagem de “periferia de São Paulo”.

A crise política, que “ameaça engolir o governo da Nação” e “polarizar ainda mais um público apaixonado pela política”, foi destaque da reportagem de The Wall Street Journal, a bíblia econômica dos Estados Unidos. O jornal deu voz ao cientista político Matthew Taylor, de Washington. Para ele, os últimos acontecimentos no Brasil entregaram munição à oposição e complicaram inclusive o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), indicada ao cargo por Lula.

“Os promotores reiteraram que Dilma não está sob investigação no caso Petrobras. Mas o escândalo aumentou a devastação de sua popularidade e enfraqueceu sua habilidade de governar, já que a investigação tem enlaçado figuras-chave do Partido dos Trabalhadores, incluindo Lula, seu mentor político”, escreveu o jornal.

Diário mais influente do globo, o norte-americano The New York Times utilizou o depoimento de Lula para lembrar que o País está sendo passado a limpo. “As vísceras do Brasil estão finalmente sendo expostas”, disse ao jornal o estudante universitário João Paulo Machado Peixoto.

O Times lembrou que outro ex-presidente está sob investigação das autoridades. O jornal citou pagamentos feitos à ex-amante de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Mirian Dutra, por empresa que operava cadeia de lojas de duty-free em aeroportos no mandato do tucano, de 1995 a 2002.