A diretoria de ensino de Santo André e a Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas) firmaram acordo que visa o retorno das aulas nas 12 instituições de ensino ocupadas pelos alunos na cidade a partir de segunda-feira. A tentativa de negociação é a primeira do Estado e foi firmada em audiência no início da semana.

O acordo prevê a análise e contraproposta do processo de reorganização da rede por parte dos estudantes no prazo de dez dias, além da ocupação das unidades de forma parcial, a partir da segunda-feira. “Na sexta-feira (amanhã) teremos reunião, vou apresentar o projeto minucioso de Santo André, com, no máximo, 50 pessoas. Os alunos vão discutir em assembleia as propostas durante o fim de semana e, na segunda-feira, se tudo der certo, vão liberar a entrada de professores e funcionários para o retorno das aulas”, destaca a dirigente de ensino da cidade, Ariane Aparecida Butrico.

A ideia é que a ocupação das unidades de ensino prossiga de forma parcial. “Temos de garantir o direito de todos os alunos à Educação. A gente fica preocupada em cumprir os 200 dias letivos, até por questão de vestibular. Entendemos que temos um único objetivo e que a vitória depende das duas partes cederem”, destaca Ariane.

Para o presidente da Umes no município, Wendel Alves, os estudantes aguardam a reunião agendada para amanhã e que o Estado cumpra com o prometido. “Vamos estudar tudo com calma e, por enquanto, nosso foco continua sendo o avanço das ocupações”, revela.

Embora ressalte que a decisão sobre o acordo é inteiramente dos discentes, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) municipal acredita que a tentativa de negociação tende a enfraquecer o movimento.

A última unidade ocupada em Santo André foi a EE Clotilde Peluso, na noite da terça-feira. Com isso, subiu para 22 o número de escolas em poder dos jovens, sendo 12 em Santo André, quatro em Diadema, três em Mauá, duas em Ribeirão e uma em São Bernardo.

MANUAL
Em todo o Estado, o movimento de ocupação de escolas por parte dos alunos segue crescendo. Conforme os grupos estudantis, passa de 170 o número de instituições em posse dos estudantes. Uma das ferramentas que propiciam a expansão é o Manual de Mobilização e Ocupação de Escolas, criado pela Rede Emancipa, Movimento Social de Educação Popular. A cartilha, disponibilizada na internet e disseminada via WhatsApp, orienta os jovens em oito passos sobre como iniciar e manter as ocupações.

“Após a entrada dos alunos na EE Diadema (1ª unidade do Estado a ser ocupada, no dia 9 de novembro), tivemos a ideia de adaptar este manual, feito por estudantes do Chile na época da revolução em 2011/2012, para nossa realidade para ajudar na organização das escolas”, relata o coordenador da Rede Emancipa, Rodrigo dos Santos Silva, 20 anos, ex-aluno da EE Filinto Muller, em Diadema.

O material destaca a importância de assembleias para garantir que as decisões sejam tomadas de forma democrática, estabelecimento de comissões como limpeza, segurança, comunicação, e também a necessidade de manter atividades como saraus, oficinas, debates para a comunidade.