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Hidratação previne doenças de inverno
Por Bruno Ribeiro
Especial para o Diário
05/08/2005 | 07:39
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A inversão térmica, fenômeno meteorológico comum nesta época do ano e que impede a dispersão dos poluentes na atmosfera, aumenta o aparecimento de doenças respiratórias. A poluição facilita o surgimento de irritações e inflamações no nariz e na garganta. Já o ar seco, provocada pela falta de chuva, também comum nos meses de inverno, deixa as vias respiratórias desidratadas, fator que também causa irritação. Para evitar problemas, são necessários alguns cuidados para que esses sintomas não evoluam para uma doença mais séria.

A médica Francini Grecco de Melo Pádua, otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas e integrante da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, explica que a poluição e o ar seco atrapalham a hidratação das mucosas. Desidratada, a mucosa do trato respiratório superior fica mais suscetível a lesões. Isso facilita, por exemplo, o sangramento do nariz. “Os cílios na mucosa do nariz e dos seios paranasais, que são responsáveis por expelir a poeira e os ácaros presentes no ar, ficam paralisados por conta da desidratação. Isso dá início a um processo inflamatório, com maior produção de catarro, espirros e tosse.”

O médico Elie Fiss, professor titular de pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC, diz que a inversão térmica é um quadro onde há uma combinação de fatores que facilitam o surgimento ou agravamento de doenças. “Temos o ar seco e a poluição, que irritam as vias respiratórias, e temos também mudanças de temperatura muito grandes. Passamos o dia com a temperatura na casa dos 25 graus. À noite, cai para próximo dos 10 graus. Essa diferença também é um fator prejudicial.”

Os especialistas explicam que esse clima é um estímulo a doenças como a gripe, a rinite, a bronquite, a laringite e até a irritação nos olhos. “Fizemos um estudo na Faculdade de Medicina do ABC há alguns anos em parceria com o Laboratório de Poluição Atmosférica da USP e descobrimos que em até 48 horas depois de um aumento na poluição no ar temos um aumento de 20% nos atendimentos dos Prontos-Socorros de Santo André”, justifica o médico Elie Fiss.

Para evitar passar por problemas respiratórios nessa época, é preciso manter as mucosas hidratadas. Para isso, a médica Francini recomenda que as pessoas tomem muito líquido. Ela ensina também como realizar lavagens nasais, para manter as mucosas úmidas: “é preciso ter soro fisiológico, à venda nas farmácias, e uma seringa. A pessoa deve colocar cerca de 5 milímetros de soro na seringa e injetar nas narinas. Se preferir, pode colocar o soro na própria mão e aspirar.”

O professor Elie Fiss lembra também que pessoas que já têm problemas respiratórios, como bronquite ou asma precisam manter o tratamento para evitar o chiado no peito, e tentar não se expor à poluição, como em congestionamentos. Ele lembra que as técnicas antigas para manter a hidratação também são recomendáveis. “Uma toalha molhada ou uma bacia cheia de água na sala ou no quarto ajudam.”

Mesmo assim, a médica Francini diz que só isso não basta para evitar riscos maiores. “Ao primeiro sinal de gripe ou rinite, é preciso procurar um médico para que ele indique qual a medicação adequada, para que a doença não se agrave.

Tempo – Segundo a previsão meteorológica, o tempo deve continuar seco pelo menos até domingo. Com isso, a probabilidade de ocorrer inversões térmicas continua. Isso porque durante o inverno, o ar quente da superfície não consegue subir para as camadas mais altas da atmosfera, onde o clima é mais frio. “O ar quente tende a subir, pois fica menos denso que o ar frio”, explica a meteorologista do Climatempo Patrícia Madeira. “Conforme o ar vai se aproximando do nível do mar, fica mais quente. No inverno, esse aumento da temperatura pára em certo ponto. Isso não deixa que o ar de baixo suba, formando uma capa na atmosfera. Como também não há chuvas ou ventos, conseguimos ver a camada de poluição retida na região mais próxima ao solo.”

A meteorologista Luciene Dias, do 7º Distrito do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), explica por que isso não acontece em outras épocas do ano. “No verão, por exemplo, o sol aquece o ar todo, mesmo o das camadas mais altas. Por isso, o ar não se prende e consegue se dispersar.”




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