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Sandra Cinto: em tempos de reflexão para pesquisas
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
15/03/2003 | 16:30
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O ano de 2003 já está traçado para a artista plástica andreense Sandra Cinto, 34 anos. Em ritmo desacelerado de produção, a pesquisa fica privilegiada para os próximos e significativos trabalhos: individual no Museu de Arte da Pampulha, em Minas, Projeto Parede do MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo e exposição no MAM Aluísio Magalhães, em Pernambuco. As palavras que pontuarão as futuras obras de Sandra são investigação do espaço e reconstrução.

Em setembro passado, a artista reviu seus dez anos de carreira em livro e exposição na Casa Triângulo, em São Paulo. Em janeiro passado, participou da feira Arco, em Madri, na Espanha. “Passada a fase de muito trabalho, agora estou em um momento de reflexão. Olhar para o que foi feito, questionar o trabalho, ouvir as pessoas. Organizei meu ateliê e reli textos e críticas”, diz Sandra.

Como resultado da auto-avaliação, estão os caminhos que a artista deve seguir nas próximas obras. “Quero dar continuidade no trabalho sobre investigação do espaço. Não consigo pensar uma obra de arte sem observar a arquitetura”, afirma.

A materialização desse pensamento poderá ser vista no trabalho inédito que Sandra prepara para a exposição na Pampulha, em agosto. Será sua primeira individual em um museu: “Estou estudando a planta do local, que é um projeto arquitetônico muito bonito concebido por (Oscar) Niemeyer”.

Outro caminho a ser trilhado é o da reconstrução. Também uma seqüência do que já vem fazendo, o trabalho tem como base a recuperação de objetos abandonados e como fim a devolução a seu lugar de origem. “De forma metafórica, falo da idéia de reconstruir a vida, restabelecer relacionamentos”, diz Sandra. Nesse caso, a fotografia tem a responsabilidade de mostrar os dois estados do objeto.

No Projeto Parede, do MAM-SP, em setembro, ela deverá apresentar imagens intimistas. “A parede fica em um corredor, sem muita distância para ver a obra, por isso penso em fazer algo que aproxime o olhar do observador”, diz. E, ao que tudo indica, não faltará dedicação: “Namoro esse projeto há um tempão, sempre torci para ser convidada”.

Já no MAM do Recife, em maio, a exposição será feita em conjunto com a artista Carmela Gross. “Será um desdobramento das obras que apresentei este ano na feira de Madri”, afirma.

Sandra passa a não assumir tantos compromissos. Adiou, por exemplo, para 2004, uma exposição em Portugal que deveria acontecer este ano. “Hoje sinto necessidade de me aprofundar mais, me cobro muito mais. Por isso, vou me dedicar melhor à pesquisa e selecionar os projetos”, diz. A serenidade típica da artista começa a fazer parte de seu trabalho: “O tempo é o melhor amigo do artista”.

Além de valorizar o tempo, Sandra tem outra preocupação, que também deve migrar para sua arte: “Vivemos a iminência de uma guerra, a banalização da vida, a violência. O artista não vai mudar o mundo, mas tem o papel de propor reflexão”.




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